Esta senhora, de quando em vez, tropeça, ensarilha-se, enrola-se e, por vezes, coloca-nos embaraços quase metafisicos.
Isto vem a pretexto de situações,que ocorrem, quando menos esperámos e que são, por surpreendentes - deveras singulares.
Dum modo geral, os meus amigos pautam-se por um muito razoável despojamento em relação aos bens materiais, uma serenidade de "velhos" sábios quando às grandezas e misérias das humanas gentes, uma relativização absoluta quanto a variabilidade das "verdades" e, sobretudo um enorme apaziguamento quanto às CAUSAS DOS POVOS!
Têm,contudo, um outro enorme "defeito": já não cultuam vaidades pessoais, nem fisicas nem intelectuais.
Ora isto é verdade para quase todos eles, mas, de quando em vez, lá tropeçámos NUM que descarrila, que se deixa adormecer nos braços da vaidade e de algum quase adormecimento intelectual.
A pretexto de quê? Vá-se lá saber!...
Outro dia recebemos, tivemos entre nós, um notável "velho", dum imenso saber e de um despojamento duma vida inteira: o Edmundo Pedro.
Sempre que a sua consciência lho ditava, lá deixava tudo para trás: mulher, filhas, emprego, negócio, o que fosse.
Esta "destemperança" pagou-a, não raras vezes, no tempo do fascismo, com a prisão, com a tortura, com a perda da liberdade, da sua liberdade.
O convivio que com ele tivemos, na tertúlia de geometria variável, foi de mor satisfação: pessoas reencontraram-se, afectos andaram no ar, memórias alegres e bisonhas cruzaram-se para alegrarem a "velha" senhora, a Amizade!
É por estas coisas aconteceram que, cada vez mais, insistentemente, acredito no VALOR absoluto da AMIZADE e dos AMIGOS que, como mo disse um, recentemente: "Os amigos são como as árvores: se andarmos em torno duma árvore, ela encará-nos sempre de frente. Tal e qual os amigos e a amizade".
Albergaria
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