quinta-feira, fevereiro 21, 2008

experiência

josé, penso ter descoberto o caminho das pedras. E já agora começarei a escrever com maior assiduidade. Não vou revelar sequer que o Pina Moura foi cativado (agradável eufemismo) para o PCP , em 1972, pelo Arnaldo Mesquita do Público, antigo jornalista do Diário e que era profundamente sectário. Que eu o diga que tive de o aturar a chamar-me anti-comunista numa campanha eleitoral, creio que em 1983, em que o Vasco Gonçalves, apoiado pelo Borges Coelho ( este bom homem estava fazer o seu papel, sem acreditar no papel que fazia) defendia a independência portuguesa do 1385,como uma revolução marxista. Como o comício foi montado numa gigantesca tenda, creio que na Fernão Magalhães, no Porto, eu titulei a minha peça como "A História foi ao circo". Não gostaram.
Mais tarde, zangaram-se também comigo, porque em "O Jornal" de boa memória, que sendo jornal era semanário, eu fiz um perfil de Alváro Cunhal, intitulando-o de "ABC dos comunistas". O ABC não passava das iniciais do nome do Cunhal: Álvaro Barreirinhas Cunhal.
Agora, que entrei definitivamente no grupo etário daqueles que não têm nome quando são atropelados, os sexagenários dos bares que vão morrendo, desencantados com o futuro, que já relêem mais do que lêem, avessos aos acordos ortográficos, mal sabemos o que havemos de fazer com o nosso passado. Torná-lo futuro? Ou dizermos que a história é a memória do futuro?
São tantas as presenças como os dias que me faltam. As tardes longínquas e melancólicas com o Assis Pacheco no Fim de Século e no Hotel Britânia, as noites longas e sem cansaço, tão só de nostalgia transmontana, de uma ruralidade que não perdíamos, com o Afonso Praça, esse sólido mais líquido que me foi dado conhecer, esse odre de ternura, que passou de mansinho pela vida como se tivesse sempre a pedir desculpa pelo talento que tinha. As noites, longas, muito longas, em que o álcool corria como um regato de afectos contidos, mas sem fim, com o Cardoso Pires, entre o colérico, o iconoclasta, mas o melhor contador de histórias dos bas-fonds desta cidade ( leia-se Lisboa) que tanto amava. O Cardoso Pires, era de ódios e amores. E tinha muito mau perder, como ele próprio confessava.
E depois o Luís, o Sttau Monteiro, o mais admirável e generoso mentiroso que me foi dado conhecer. Escrevia à minha frente a Guidinha, numa Hermes pesada, a correr, que tinha que ir a algum lado. Efabulador, grande cozinheiro na sua casa de Campo de Ourique, inveterado bebedor de gin, homem de muitos encantos, de um charme muito britânico, de uma ironia corrosiva, era, porém, tansbordante nos afectos para os seus amigos. Morreu ainda as últimas rosas não tinham florido.
Hoje, proclamam-se os best-sellers de aeroporto, lidos enquanto se mascam pastilhas; os jornais são economicamente obedientes, reverentes e pouco venerandos; a mediocridade, mas com boas maneiras, é um bom princípio para o sucesso. O país é apenas o reflexo do país, não a sua realidade. Utiliza-se o espelho como se fosse a verdadeira face. A imagem do rosto secundariza o rosto. Querem-nos impôr uma clandestinidade ética, tornar a norma da virtude como um desvio. Um perigoso desvio que deve ser tratado ou combatido.
Querem-nos sem ideologia, assépticos, flor artifical, sem cheiro, mesmo do suor, sem tabaco ( se no céu não se pode fumar, eu não quero ir para o céu, escreveu Mark Twain), tão limpos que querem transformar a cidade num imenso hospital com multidões saudáveis mas proibidas de transgredir.
Querem proibir a transgressão; são os inquisidores do interdito; os que definem a liberdade dos outros, como se a liberdade não fosse um valor individual; que tentam pôr um chip na nossa alma e controlar os nossos sonhos, e isto tudo para que vivamos mais anos a criar mais problemas à Segurança Social.Querem-nos clonados, sejamos novos ou velhos, querem-nos tão iguazinhos a ponto de um dia conseguirem que nós não saibamos quem somos. Apenas eles sabem, nos seus arquivos, o que nós fomos.
Já cá não estarei por certo, quando algumas liberdades e indignações utópicas não passarem de mero estudo académico para teses de doutoramento, tão bem comportadas que até Júlio Dantas vai ser considerado, a par de José Rodrigues dos Santos, um génio injustamente ignorado por esses libertinos cuja memória é proibido recordar...

Pedro Castelhano

terça-feira, fevereiro 19, 2008

E mesmo assim a terra move-se...

O maravilhoso mundo novo da blogosfera está, cada vez mais, mexido e em turbulência histriónica.

A erudição, o pluralismo, o bom-gosto, a qualidade gráfica, as competências técnicas que por aí perpassam - não estão, no entanto, em linha com o necessário bom-senso que um MUNDO como este (libérrimo, sem constrangimentos, sem censuras...)deveria aconselhar.

Na nossa doméstica blogosfera campeia, actualmente, creio mesmo ser lidere d'audiências o "mistério", embrulhado em vários anátemas e confusões ( de conceitos, de categorias, de mundividências, mesmo até de préconceitos e etc.)de: quem s'esconde por trás do nome do bloger Miguel Abrantes que "controla" o Câmara Corporativa.

Portanto, senti-me na ingente necessidade e no urgente dever de cidadania de intervir nesta polémica, não para ajudar quem quer que seja ou contribuir para o que fosse, mas para complicar.

Sim, porque cada um de nós nasceu com uma missão bem definida: enfernizar a vida ao seu semelhante e, quando as coisas estiveram a andar menos mal,é curial inventarmos um drama, quiçá uma tragédia!

Continuamos, em meu entendimento, com aquela velha muleta: eu, je, moi, penso bem; os governos, dum modo geral, não prestam e, em Portugal, é necessário ter linhagem para ir a Ministro (secretário de estado não conta e, menos ainda Director-geral, excepto o "defunto" Paulo Macedo porque pertencia ao Opus Dei!...e era muito competente, tinha mau feitio e trabalhava durante as férias.)

A direita travestida, reciclada, transmutada, bem adaptada à Nova Democracia, produto da "Abrilada de 1974", entende, hoje, que um rapazinho vindo da Covilhã, de Castelo Branco, de Trás-os-Montes (não se sabe bem donde!...), sem curriculo que se apresente, com um percurso académico/profissional um pedaço confuso, com um nome grego, tenha chegado a Primeiro-Ministro de Portugal.

E, espantamento espantoso, o rapazinho trabalha, dedica-se à causa pública, trata do corpo, é determinado, ataca o que está mal em Portugal (nem sempre da melhor maneira...), quer reformar o País e introduzir novos paradigmas (há quem ainda cultue os velhos...)em Portugal e nos portugueses!

Ora bem!, se eu percebo que para a direita isto não seja bem entendido (por que lhe estraga o negócio e lhe rouba os clientes), já para as esquerdas não consigo mesmo perceber a sanha, a ausência de vontade de diálogo, de intenção de alianças (tirando a interrupção da gravidez e, mesmo nesse caso o PCP esteve em desacordo sobre o modus operandi: referendo e/ou votação em sede do Parlamento...) etc.

Os criticos mais descabelados, mais contundentes, mais acérrimos: a esquerdas. As perguntas que se podem fazer: e alternativas? e modo diverso de fazer? e soluções estratégicas? e quem está, neste momento, em Portugal a produzir pensamento para demandar "novas Indias a haver"?

Ora bem, cá estou eu a complicar.

É mesmo de propósito.

Mas estávamos a tentar resolver o mistério, não da estrada de Sintra, mas quem é o gábiru que se esconde atrás do Miguel Abrantes?!

Aqui é que bate o ponto e este ponto é determinente não só para Portugal como destino, mas para o futuro dos portugueses nas próximas, pelo menos, cinco gerações!

Deixo aqui algumas pistas.

Atrás (ou à frente tanto monta...) do tal NOME podem estar:

Hipótese 1 - Domingos Abrantes (dirigente do PCP);
Hipótese 2 - Abrantes Mendes, Juíz e antigo dirigente do futebol;
Hipótese 3- José Manuel Abrantes, antigo administrador da Valorsul;
Hipótese 4- Marquês de Abrantes, Marechal Junot (agora que estamos em tempo de bicentenário das invasões francesas vinha mesmo a calhar...);
Hipótese 5- Marquesa de Abrantes;
Hipótese 6- Abilio Abrantes, antigo patrão da Agenda da RTP;
Hipótese 7- É a que me parece mais provável, José Arantes,que retira um b por timidez e desfaçatez (para quem não se recordar é jornalista e foi assessor de...Cavaco Silva!).

O sete, que é o número dos Mestres, a hipótese, entenda-se, tem toda a probabilidade de ser o gajo que se esconde atrás do dito facinora Miguel Abrantes!É jornalista e foi/é assessor!

Pensando ter dado um contributo decisivo para pensar como salvar a Pátria ...agora só falta mesmo é salvá-la!Mas hoje não me calha tamanha tarefa! Talvez amanhã...


Com o sentimento do dever pátrio cumprido e sustentando que, nesta linha botabaixista,estamos a caminho do V Império, estamos a vislumbrar o futuro radioso e os amanhãs que cantam (admite-se a possibilidade de virem a desafinar...), me subscrevo com os protestos (ou sem...) da minha mais elevada preocupação pelo estado de sitio em que se encontra a blogoesfera,

José Albergaria

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

O mundo novo da blogoesfera...


Por estes dias, meses, quiçá anos, a blogoesfera ganhou uma dimensão, uma qualidade e uma efervescência que condiciona costumes, pensamentos, comportamentos e ainda agendas...culturais, políticas, informativas e opinativas.


Ultimamente, além da nossa, modesta, política portuguesa e aquela que é suposta estar sedeada no Governo, vidé Sócrates (Lei do tabaco, reformas na saúde e no ensino, remodelação governamental...), temos as Primárias nos USA (sobre as quais os bloguistas recorrem, profusamente, a textos e imagens oriundas, no original, dos USA, sem legendas nem dobragem...), temos as efemérides (regícidio, Vieira e etc...), temos o folhetim Carvalho da Silva (fica, ou não fica à frente da CGTP) e, nos últimos dias tivemos o folhetim da "censura" do Expresso em relação a um texto indigente duma presunta colaboradora daquele Semanário - que ninguém conhece.


Em tudo isto vemos emergir, como lama viscosa que se nos cola ao corpo, de modo impressivo, a nossa "alma" nacional, os nossos mitemas, os nossos traumas, as nossas misérias, os nossos sonhos, os "fumos das Indias", o sebastianismo, o Vº Império e quejandos.


Creio que, nestes tempos de desconcerto, faz sentido recuperar o "emblema" do Abrupto do JPP, roubado ao Sá de Miranda "... M'espanto às vezes, outras m'avergonho...".


Releia-se "As Farpas" e percebemos que o patriotismo criticista dos de 70 vale, hoje, o que valia naqueles idos finiseculares (talvez até mais, com a inflação!...): releiam e, depois, ponderem onde estamos como Povo, como comunidade!...


Jorge de Sena (hoje, um mal amado, mas de obrigatória e sã leitura) disse uma coisa espantosa, daquelas mesmo de espantar!:"Camões soube transformar em obra d'arte o povo mais anárquico do mundo...".


Do Padre Vieira, dizem os comentadores encartados que foi um enorme cultor da nossa lingua ( e do latinório, já agora que aqui estamos), que foi travesso, que brigou nos brasís contra a Santa Inquisição e mais blá, blá e blá...Mas Vieira era, também, Jesuita (Companhia que foi inventada para dar combate à Reforma de Martinho Lutero e para demandar os Orientes civilizados, e nasceu na nossa muito amada Espanha/Castela...), e era mestiço, e era cultor duma certa "doudice".
Esta nossa mania de só dizer bem - dos defuntos! Este nosso jeito de pintar os defuntos às cores e, os vivos, sempre a P&B!


Disse Vieira: "Todos os que na matéria de Portugal se guiaram pelo discurso erraram e se perderam". Guilherme d'Oliveira Martins disse de Vieira (fora deste afã festeiro..):"A força argumentativa da razão (que tão bem cultivou) havia de se alcançar «com mistura de doudice»."


Alguém disse (creio que é um aforismo popular):"Depois de mim virá quem bem de mim dirá".


Nós, portugueses (dum modo geral...), temos um jeito muito peculiar para a intriga, para o maldizer, para a opinião gratuita (sem sustentação, nem argumentário, nem competência, nem informação que nos valha...)- só porque nos apetece, para cavalgarmos a onda,para, como a gaivota, apontarmos, sempre, para onde sopram os ventos.


Os anarquistas espanhóis, creio que ao tempo da República, nos anos 30 do século passado, tinham um dito, que era todo um programa: "Hay gobierno, soy contra!"


Neste dito, a nossa costela anarquista aí poderia estar plasmada.


Somos, todos,assim? Em demanda do Messias, à espera de D. Sebastião, maldizentes, invejosos, vaidosos, incompetentes,videirinhos, malandros, intriguistas,desconcertantes...Claro que não.


Há notáveis vultos, de antanho e coevos que tinham/têm um outro olhar sobre Portugal e os portugueses: D. Dinis, o Infante D.Pedro (filho de D.João I. Releiam a sua espantosa carta de Bruges...), D.João II, Afonso de Albuquerque, Damião de Góis, o Marquês de Pombal, Almeida Garrett, Alexandre Herculano,D. Pedro V, Oliveira Martins (quase toda a geração de 70)e, mais recentemente, José Mattoso e Eduardo Lourenço.


Na ciência e na tecnologia actuais, temos gigantes (Sobrinho Simões, Professor Quintanilha, Lobo Antunes, Casal Damásio, etc). Temos quase 50 investigadores no CERN, na Suiça. Tesmo tecnologia NOSSA nas aeronaves da NASA e no Programa GPS/Galileu da UE...


Muitos mais NOMES poderia listar, mas estes, poucos, servem só para ilustrar a minha "intenção"...


Estamos bem, como País?

Estamos mal, como Povo?


Depende, do que colocarmos antes, como pressupostos, destas perguntas.


Estamos melhor que no tempo de Salazar? Estamos melhor do que antes de termos aderido à CEE?


Sem sombra de dúvidas e em todos os itenes que utilizarmos. Então, ele há um que é mesmo um absoluto: a Liberdade! Eu sou daqueles que não discuto, nem negoceio, este Bem impressivo, inquestionável e de valor inestimável!


Estamos numa curva apertada do nosso devir como Povo e como Nação? Claro que sim.


O que se está a fazer, em nosso nome, está bem feito? Não sei.


O futuro (uma vez mais, o futuro...) no-lo dirá. A história nos há-de julgar (não só aos governantes,aos actores principais...)a TODOS.


Nestes tempos, em que o principio da incerteza, por todas as razões (e mais uma, que não estamos a ter em conta...)domina todos os tabuleiros - da política até às belas-artes, sustento e defendo com genuina crença - que há razões para ter confiança e acreditarmos que, "amanhã" o mundo poderá ser melhor.


Esta crença, paraliza-me?

Nem um pouco.

Dá-me, outrossim, o ensejo e a vontade de ir a contra-corrente, de não me deixar enredar em sonhos por cumprir, ou em projectos oportunistas, ou em derivas de enriquecimento fácil, ou em carreiras políticas ou de poder, sempre coisa éfemera, para justificar escolhas de passado mal feitas, derrotadas ou mal avaliadas.


Hoje, agora mesmo, quero tentar entender, quero saber,quero experimentar compreender, sem preconceitos, sem vendas para...para, singela ambição, SER MELHOR COMO HOMEM, e em cada dia que passa.


Quero procurar a VERDADE, em qualquer situação (coisa pequena!...) e a luz que ilumina e nos guia pelos trilhos da Humanidade.


José Albergaria