A sua etimologia, vem do grego e do latim.
Numa e noutra linguas, o significante e o significado são próximos. Do significado diz-se: suportar a dor, suportar algo de imaterial, intelectual, de espiritual.
É uma dor que se sofre e que está, sempre, no dominio do espirito.
Portanto, uma pessoa tolerante é aquela que consegue, provavelmente, com estoicismo "suportar" a dor... O intolerante, obviamente, é o que se encontra nos antípodas desta capacidade.
É, pois, por isso que os "bons" cristãos, os bons "maçons", os bons "políticos", os "bons" clérigos (de qualquer igreja que consideremos...), os "bons" mestres, os "bons" professores...os "bons" qualquer profissão e/ou estatuto social que tenham são, SEMPRE, tolerantes.
Ultimamente, tenho frequentado muito BLOGUE, muito escrevinhador, comentador, arguentes de causas, ficcionistas, opinadores, comentadores, ajustadores de contas (próprias ou alheias...), que andam pela blogoesfera e o que tenho encontrado (na maioria dos casos...) é uma enorme intolerância.
Às vezes a roçar a campanha ad hominem ou até ad nauseam!
Isso desconforta-me? Claro que sim.
Hoje, neste patamar da minha vida em que me encontro (como diz o Mario de Carvalho do personagem da Sala Magenta: "Ele está está já na fase dos balanços. O que fez e aquilo que deixou de fazer; os afectos que não consumou; uma boémia inconsequente que praticou...em detrimento duma ocupação do tempo mais consistente..."), além dos balanços que me recuso a fazer (tenho muitos projectos para o futuro...), sinto-me apaziguado, bem de familia, mal de dinheiros (é um estado recorrente), tranquilo, conseguindo olhar o mundo com realismo, mas ainda assim com pragmatismo e, HOJE, como uma capacidade de historiador ISENTO, só me interessando a VERDADE e nunca procurando que a REALIDADE se ajuste á minha IDEOLOGIA ou à minha OPINIÃO, construida, sabe-se lá como. Olho o mundo sem cinismo, com optimismo (partindo do pressuposto que o optimista é, nem mais nem menos, que um pessimista bem informado...).
Há muitos bloguistas com preocupações em terem RAZÃO, incapazes de ouvir o outro, incompetentes para integrarem, no seu próprio pensamento, ou até nos seus afectos - a verdade do outro e o sentir do outro.
Neste MUNDO, na TERRA, na HUMANIDADE, onde impera o principio da incerteza, neste outro território, a blogoesfera encontrámos (encontro eu...) cada vez mais gente CONVENCIDA, sabendo TUDO e...sobre TUDO!
Têm opinião definitiva sobre a ECONOMIA, sobre os CONFLITOS REGIONAIS, sobre os USA, sobre ISRAEL, sobre o IRÃO...e tuti et quanti...
E sobre Portugal?! Sobre este tópico, então, é de nos levarem às lágrimas: têm opinião sobre, absolutamente, TUDO. Emerge uma crise no PPD/PSD...antecipam logo tudo o que vai acontecer e, sobretudo, como vai acontecer...
E a ética?! Ui!, Ui! Neste território é o deserto completo e, a má-fé, muitas das vezes, campeia de modo impúdico e delirante.
Veja-se o que ocorreu, faz pouco tempo com um "incidente" em que foi protagonista maior o colunista (publicista, como gosto de escrever e dizer) António Barreto.
O homem utilizou um documento apócrifo, propaganda "negra" pura, cujo "autor" seria o vice almirante Rosa Coutinho, datado de 1974.... e de Angola. "Milhares" de bloguistas exigiram que AB se retratasse, que pedisse desculpas. AB demorou a fazê-lo e, nesse interime, bloguistas houve que o enforcaram, o despacharam para as profundezas do inferno...Entretanto o homem, AB, pediu desculpas, em primeiro lugar ao Almirante Rosa Coutinho e, depois, no mesmo espaço que utilizou para argumentar a partir do documento apócrifo, pediu desculpas aos leitores do Público!
Quem, na blogoesfera, sublinhou esta atitude?! Sobram os dedos duma das minhas mãos para contar os que tal fizeram. Mesmo aqueles que apoiaram AB, considerando que a "carta" do vice almirante Rosa Coutinho só podia ser verdadeira, porque....porque sim, se excusaram a fazê-lo.
Pouca gente sublinhou este facto, que eu reputei de importante e em linha com os saudáveis principios da democracia, da nossa democracia ocidental e liberal!
Sustento eu que, uma boa polémica (mesmo até uma má...) é sempre saudável: faz bem aos neurónios e obriga-nos (ao modo do filósofo Sócrates...) a treinar o nosso argumentário. Não é por aqui que se faz a minha critica. É, outrossim, pelo lado da impunidade, da ausência de pudor, da vaidade, da estupidez e da humildade.
Quando alguém comete um erro, ou faz um disparate ( e se esse alguém tem o estatuto de AB, mais grave a coisa se torna) deve ser zurzido e vergastado. Mas, logo que esse alguém corrige, emenda a mão e se auto-critica, deve ser saudado e aplaudido. Eu fi-lo.
JA
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