sábado, junho 28, 2008

Salvador Allende: chileno, socialista e...maçon.

A 26 de Junho de 1908 nasceu Salvador Allende, que viria a dirigir um Governo de Unidade Popular, na sua pátria, o Chile, do cobre e dos nitratos adubeiros.

Foi assassinado pelas hordas de Augusto Pinochet, seu Chefe de Estado Maior General da Forças Armadas do Chile (as mais constitucionalistas e civilistas da Latino América), que assaltaram o Palácio da La Moneda a 11 de Setembro de 1973. Salvador Allende morreu, bravamente, com armas na mão, na defesa do mandato democrático que o Povo do Chile lhe tinha atribuído.

Allende constituiu um Aliança de Unidade Popular, que integrava o seu, dele, Partido Socialista e, entre outros, o lendário Partido Comunista do Chile, também de Neruda e dirigido por Luís Córvalan.

Allende era um homem duma imensa humanidade, socialista, laico e maçon (gostava muito de assumir esta sua condição de pedreiro-livre, livre pensador e livre examinista). Esta condição não o impediu de coisa alguma na política. Muito pelo contrário. Tolerante, como sempre foi, abriu-se às várias possibilidades para criar um Chile independente, progressivo e melhor. Perdeu. Falhou. Foi derrotado por um golpe patrocinado pelos USA e pela CIA e executado por Augusto Pinochet.

Fez unidade com os comunistas. Os tempos eram outros. Os tempos, após o golpe do General Pinochet foram outros, ainda mais desconcertantes.

Luís Córvalan, SG do PC Chile foi libertado das masmorras de Pinochet, por troca com dissidentes soviéticos e chegou a Moscovo em, se a memória não me atraiçoar, Outubro de 1979.

Em Novembro de 1989, ainda com Augusto Pinochet a Presidente do Chile (exerceu o mandato usurpado, de 11 de Setembro de 1973 a 11 de Março de 1990), o ditador da RDA, Eric Honecker, depois do derrube do muro de Berlim, demite-se de todos os cargos que detinha no Estado e no Partido (que se confundiam) e "foge" para Moscovo (ainda com Gorbatchov).

Aqui chegado instala-se na embaixada do Chile de Pinochet, onde pede exilio e estadia nela durante 232 dias, pedindo e negociando o seu envio para Santiago, juntamente com sua mulher.

É já com o sucessor de Pinochet (eleito com o beneplácito deste...), Patrício Aylwin Azócar, democrata-cristão, advogado, que o ditador da RDA, Eric Honecker, desembarca em Santiago do Chile, nos princípios de Julho de 1990!

Malhas que a diplomacia tece?!...Talvez. É mesmo provável que assim tenha sido, mas que é deveras desconcertante...é-o!

JA

PS - A foto foi fanada ao Tempo das Cerejas (os meus agradecimentos e a devida vénia), que recordou a efeméride...e bem, mas de modo diverso do meu.

1 comentário:

António Eduardo Lico disse...

curvo-me perante a memória de homem íntegro e bom que foi Salvador Allende, Socialista e Maçon.
Contudo remeter a responsabilidade para o assassino Pinochet é apenas uma parte da verdade. Jamais se pdoe esquecer a enorme responsabilidade dos verdadeiros fautores do golpe de 11 de Setembro, os USA. Este facto parece que incomoda muita gente. Um dos psicopatas assassinos que planeou e promoveu o golpe, ainda anda por aí dando conferências, pagas a peso de ouro - Kissinger, para que conste. Para que conste, continua impune.
Hoje, tal como no fatídico dia do golpe, as palavras de Allende continuam actuais - "Chove em Santiago"
António Eduardo Lico,