quinta-feira, agosto 07, 2008
Cesário Verde: "troca-tintas".
José Joaquim Cesário Verde nasceu em 25 de Fevereiro de 1855. Morreu tuberculoso ainda o século não findara. Foi amanuense numa casa de ferragens de seu pai e produtor de legumes frutas numa quinta em Linda -a -Pastora. Morreu no Paço do Lumiar.
É, hoje, considerado o mais importante e revolucionário poeta da sua geração, que faz a ruptura do romantismo para o Modernismo.
É Fernando Pessoa que assim o reconhece e que se assume como herdeiro e prócere de Cesário.
Em vida desejou o sucesso e dele foi afastado. Tentou publicar-se e ainda o conseguiu nalguns jornais, mas foi maltratado por poetas, estetas e, sobretudo, por jornalistas.
Conta-se mesmo, que um desses desbocados, inimputáveis escribas, se terá cruzado com o poeta e arremessou-lhe: " Ali vai Cesário azul!". O poeta, introspectivo, deixou sossegar a desfeita e, quando se cruzou com o escriba, ter-lhe-á retorquido: "Adeus ó troca-tintas!".
De Cesário ficou o que o poeta nos legou, que sendo pouco é do mais importante que se encontra na nossa poesia contemporânea.
Veja-se como discorre o nosso Walt Witman:
"Bem sei que preparais correctamente
O aço e a seda, as lâminas e o estofo:
Tudo o que há de mais dúctil, de mais fofo,
Tudo o que há de mais rijo e resistente!
Mas isso tudo é falso, é maquinal,
Sem vida, como círculo ou um quadrado,
Com essa perfeição do fabricado,
Sem o ritmo do vivo e do real!
Uma aldeia daqui é mais feliz,
Londres sombria em que cintila e corte!...
Mesmo que tu, que vives a compor-te,
Grande seio arquejante de Paris!..."
Leiam Cesário e vejam como a sua poesia, amadurecendo, reverdece a cada passagem, a cada leitura.
JA
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1 comentário:
Concordo plenamente com o post. Cesário Verde, é na minha modesta opinião, e juntamente com Camilo Peçanha, o poeta que inícia o processo de ruptura com a poesia do Romantismo português para o início do Modernismo. Aliás Pessoa percebeu-o bem quando o homenageia "Oh Cesário Verde Oh mestre/Oh d'um sentimento de um Ocidental".
Por mim, sempre considerei Cesário Verde como um dos mais importantes poetas portugueses, e é sempre com prazer que releio a sua poesia.
António Lico,
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