Apareceu-nos, em fins de 1972, uma oportunidade de "negócio". Um livro, em russo, de Alexander Soljenitsine: "O Arquipélago do Gulag", publicado em Paris na YMCA, dirigida por um russo, amigo do escritor. Para espanto nosso vendemos centenas de exemplares. Ainda havia muitos russos, na época, fugidos à revolução bolchevista.
Essa edição tinha-nos chegado através dum movimento, os SAMIZDAT, hoje completamente ignorado e esquecido. Esse movimento "inorgânico" fazia chegar ao Ocidente escritos, denuncias, noticias da URSS, da outra que, um dia, o jornalista Carlos Fino quis mostrar e que o representante do PCP em Moscovo não autorizou.
Sabe-se a história posterior do jornalista e da URSS.
É impossível parar a marcha da história.
Há-de acontecer na China e na Cuba castrista. Mais cedo ou mais tarde...mas há-de acontecer.
Lembro-me de ter lido "Um dia na vida de Ivan Denisovich", saído em 1962 e já denunciando o Gulag. Lembro-me de ter gostado. Tenho também a sensação que os livros de Alexander Soljenitsine não marcarão a história da literatura russa, menos ainda a mundial, mas ficará na história como um dos homens que mais, impressivamente, denunciou as malfeitorias do comunismo russo e da máquina concentracionária, torcionária, de liquidação massiva dos adversários do regime e da prática da eugenia em direcção a certas nacionalidades, etnias e grupos sociais (militares, intelectuais, poetas, cientistas, linguistas, músicos...).
Isso ficamos, sem sombra de dúvidas, a dever a Alexander Soljenitsine.
José Albergaria
2 comentários:
Registo importante... para que conste... já que estamos em tempos de alguma fraca memória.
[volto aqui sempre, embora nem sempre comente]
:)))
Cara Maria do Sol,
Volte sempre...comente sempre que quiser e quando lhe aprouver
Abraço,
Zé Albergaria
PS - Vou-lhe confessar um segredo. Nasci na Maia, no número 81, duma rua, que, na época, se chamava...Rua do Sol.
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