Os maoistas portugueses sonhavam com uma China imune ao capitalismo Hoje, vituperam-na porque, aderindo ao capitalismo, mantém o totalitarismo do partido único e o desprezo pelos Direitos do Homem, algo que para eles, maoistas portugueses, na altura não passava de pruridos burgueses.
Já a posição do PCP é também curiosa: detestavam a China porque a China detestava a Rússia. Hoje detestam a Rússia, mas fizeram as pazes com a China, não porque a praxis chinesa entrasse em consonância com as teorias do PCP, mas porque a China assenta numa pujança económica, invejável para quem se proclamava do ideário comunista. Haverá outras razões mais vulgares e circunstanciais, mas esse é o caminho que não quero percorrer.
Os Jogos Olímpicos são uma lição de hipocrisia, onde se batem recordes de ausência de ética, com a real politik com direito a muitas medalhas de ouro. Que querem? A política já é instrumento da economia e não o contrário.
Os ex-maoistas preferem hoje a economia à ideologia. Estão consonantes, não com o seu tempo de combate e esperança, mas com o seu tempo de importância social e indisfarçável bem estar económico. Tam´bém se cria barriga na alma.
E quem os pode condenar? Ninguém, a não ser eles próprios quando se miram ao espelho.
O João Carlos Espada perdeu a memória. Dirá que foi na estrada de Damasco. O José Manuel Fernandes sofre de amnésia. Dirá que foi devido ao olhar fulminante de Belmiro.
Ao menos oPacheco Pereira faz o seu exorcismo, intelectual perdido no seu próprio labirinto, tentando descobrir, qual Santo Agostinho, os caminhos do mal do maoismo e do seu caminho, coleccionando livros, revistas, programas e perfis, como borboletas secas no museu da história, elaborando, para tanto, um catálogo exaustivo e demorado das várias e algumas raras espécies de maoismo. Tem tempo e muita inquietação intelectual, se não, diria que esta descida às cavernas do embuste, tinha algo de mórbido.
Regressando aos Jogos Olímpicos: na Grécia representavam a expressão da cidadania, da polis; em Pequim, a expressão total do Estado. Aqueles eram o culto à liberdade; estes, o hino à economia.
Quando um povo não é livre, como é o caso do povo chinês, os seus Jogos Olímpicos não podem ser livres, ainda que aceites e participados por países livres e outros menos livres ou mesmo não livres, em nome de interesses que ultrapassam o princípio universal da Liberdade e o ideal olímpico do desporto, um momento e espaço de paz em tempo de guerra.
Rogério Rodrigues
Já a posição do PCP é também curiosa: detestavam a China porque a China detestava a Rússia. Hoje detestam a Rússia, mas fizeram as pazes com a China, não porque a praxis chinesa entrasse em consonância com as teorias do PCP, mas porque a China assenta numa pujança económica, invejável para quem se proclamava do ideário comunista. Haverá outras razões mais vulgares e circunstanciais, mas esse é o caminho que não quero percorrer.
Os Jogos Olímpicos são uma lição de hipocrisia, onde se batem recordes de ausência de ética, com a real politik com direito a muitas medalhas de ouro. Que querem? A política já é instrumento da economia e não o contrário.
Os ex-maoistas preferem hoje a economia à ideologia. Estão consonantes, não com o seu tempo de combate e esperança, mas com o seu tempo de importância social e indisfarçável bem estar económico. Tam´bém se cria barriga na alma.
E quem os pode condenar? Ninguém, a não ser eles próprios quando se miram ao espelho.
O João Carlos Espada perdeu a memória. Dirá que foi na estrada de Damasco. O José Manuel Fernandes sofre de amnésia. Dirá que foi devido ao olhar fulminante de Belmiro.
Ao menos oPacheco Pereira faz o seu exorcismo, intelectual perdido no seu próprio labirinto, tentando descobrir, qual Santo Agostinho, os caminhos do mal do maoismo e do seu caminho, coleccionando livros, revistas, programas e perfis, como borboletas secas no museu da história, elaborando, para tanto, um catálogo exaustivo e demorado das várias e algumas raras espécies de maoismo. Tem tempo e muita inquietação intelectual, se não, diria que esta descida às cavernas do embuste, tinha algo de mórbido.
Regressando aos Jogos Olímpicos: na Grécia representavam a expressão da cidadania, da polis; em Pequim, a expressão total do Estado. Aqueles eram o culto à liberdade; estes, o hino à economia.
Quando um povo não é livre, como é o caso do povo chinês, os seus Jogos Olímpicos não podem ser livres, ainda que aceites e participados por países livres e outros menos livres ou mesmo não livres, em nome de interesses que ultrapassam o princípio universal da Liberdade e o ideal olímpico do desporto, um momento e espaço de paz em tempo de guerra.
Rogério Rodrigues
1 comentário:
Afinal, Agosto é, mesmo, o mês dos "postes mil".
E este é de mor qualidade e de inegável oportunidade.
Abraço,
Zé Albergaria
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