quinta-feira, julho 31, 2008

Presidente da República demite-se...


A comunicação que Cavaco Silva fará ao país daqui a menos de uma hora poderá bem ser para apresentar a sua resignação...por razões de saúde, ou falta dela.


Esta hipótese é tão plausível quanto o exercicio especulativo de Vítor Dias em o tempo das cerejas.


José Albergaria

Barack Obama: bendito abaixo-assinado.


"Change We Can Believe In
An Open Letter to Barack Obama
30.7.2008
Dear Senator Obama,

We write to congratulate you on the tremendous achievements of your campaign for the presidency of the United States.Your candidacy has inspired a wave of political enthusiasm like nothing seen in this country for decades. In your speeches, you have sketched out a vision of a better future-in which the United States sheds its warlike stance around the globe and focuses on diplomacy abroad and greater equality and freedom for its citizens at home-that has thrilled voters across the political spectrum. Hundreds of thousands of young people have entered the political process for the first time, African-American voters have rallied behind you, and many of those alienated from politics-as-usual have been re-engaged.You stand today at the head of a movement that believes deeply in the change you have claimed as the mantle of your campaign. The millions who attend your rallies, donate to your campaign and visit your website are a powerful testament to this new movement's energy and passion.This movement is vital for two reasons: First, it will help assure your victory against John McCain in November. The long night of greed and military adventurism under the Bush Administration, which a McCain administration would continue, cannot be brought to an end a day too soon. An enthusiastic corps of volunteers and organizers will ensure that voters turn out to close the book on the Bush era on election day. Second, having helped bring you the White House, the support of this movement will make possible the changes that have been the platform of your campaign. "
No tempo das cerejas Vitor Dias chama a atenção para uma carta aberta, abaixo-assinada por um grupo de intelectuais americanos (uns mais conhecidos que outros...)e publica a lista de "exigências" que este grupo faz ao Senador e candidato democrata Barack Obama. Remete a leitura da versão integral da carta para um outro blogue "papéis de alexandria".
Não dominando convenientemente o inglês, sempre deu para me aperceber da importância deste texto e ainda da introdução que aqui deixo, com os agradecimentos a Vitor Dias.
Sublinhei aquilo que me pareceu de mor importância na dita carta e, sobretudo, aquilo que eu destaquei e os abaixo assinados denominaram First e Second razões para Barack Obama ser eleito e derrotar Mc Cain em Novembro.
José Albergaria

Da corrupção...

O eng. João Cravinho politico no pós 25 de Abril de 1974, próximo do MES, Sampaísta militante, foi ainda Ministro das Obras Públicas e do Planeamento no governo de António Guterres.
Creio que trabalhou, no consulado de Marcello Caetano, num gabinete de estudos onde ombreou com António Guterres, Marcelo Rebelo de Sousa...entre outros.
Ainda deputado, nesta legislatura que agora corre, elegeu a "corrupção" de estado para legislar contra ela.
Entretanto, demitiu-se para ocupar um lugar de topo numa instituição em Londres (por convite do eng.º Sócrates). A semana passada, em entrevista, em simultâneo, para a RTP2, Radio Renascença e Público criticou intempestivamente os seus camaradas do grupo parlamentar do PS por terem desvirtuado (segundo ele) o seu projecto de lei e, sobretudo, pela composição da Comissão que vai apreciar os "casos" de corrupção... As reacções violentas e acaloradas de Alberto Martins, lidere parlamentar do PS são conhecidas e vieram introduzir um mor ruído nesta debate tão importante quanto do maior interesse para a saúde da nossa democracia.
O combate à corrupção de estado está envolto, quase sempre, num manto diáfano de hipocrisias, inverdades e, sobretudo, muita intoxicação, manobras dilatórias e mais umas quantas armas de arremesso.
De quando em vez há umas operações bem sucedidas, mas as mais das vezes fica tudo em águas de bacalhau.
Os processos que morreram, ou se encontram em processo de cadaverização...são mais que muitos, mal grado haverem figuras como Maria José Morgado, creio eu que Procuradora Adjunta do PGR, que lutam braviamente para trazer para a ribalta responsáveis e criminosos desse tipo de práticas.
Mas ele há um aspecto incontornável, em meu entendimento: a "corrupção", no sentido vulgar que se lhe atribui faz parte do sistema e é inerente ao exercício do poder, de qualquer cor que ele se vista.
E aqui não há excepções.
Este fenómeno é transverso; toca todas as instituições, todos os partidos políticos, todas as igrejas, todos os clubes de futebol...
Faz pouco tempo, um estudante, finalista de sociologia elaborou um estudo sobre os financiamentos dos partidos políticos - nas autarquias. Nuno Guedes, jornalista e repórter conceituado do Radio Clube Português chegava a conclusões interessantes. Mas, por exemplo, excluía o PCP de práticas de "angariação questionável" de fundos e o BE não entrava no estudo porque não tinha, à época, qualquer autarquia (viria a ter Salvaterra de Magos).
Ora são conhecidos dossiers "interessantes" de "financiamento" do PCP em Loures, em V.F. de Xira, no Montijo, no Barreiro, na Amadora, nomeadamente. E desses dossiers é muito simples retirar conclusões expressivas...
Veja-se quem são os urbanizadores e/ou construtores que dominam o "ordenamento" do território "naquele" período determinado e percebe-se... Veja-se, por exemplo, nas campanhas eleitorais os meios (publicidade estática, folhetos, cartazes, carros de som...) que cada formação partidária utiliza...sabe-se os preços de mercado e chegar-se-á, sem dificuldade, às somas e às desconformidades...entre gastos e receitas.
O que ocorreu em Loures, com o célebre dossier do "cartão de crédito" que o Presidente da Câmara à época (1994-1997) se atribuiu e utilizou para fazer compras pessoais, pagar despesas pessoais e adquirir bens artísticos (num célebre leilão de quadros numa sede partidária em Lisboa...) ilustra alguma cultura de impunidade e perversão que reina no seio de alguns "eleitos". Este processo foi "julgado" e foi mandado arquivar porque "não ultrapassava o valor de 1 500,00€, 300 contos"!
Foi óbvio e compreensível para todos a atitude do edil, que aproveitando uma reformatação do território de Loures, com a criação do Município de Odivelas, reeleito para o mandato 1998-2001, que se demitiu...
Que eu saiba nunca se fez, aprofundadamente e cirurgicamente, a investigação e o escrutínio de comportamentos e práticas passíveis de serem observadas á luz da ética do serviço público e da moral republicana, da república! E o estado tem meios para o fazer! Sempre os teve. A justiça pode-o fazer (neste momento, no apito dourado, na operação furacão, está a fazê-lo). Hoje a legislação já permite alguma eficiência no controlo das despesas e nas limitações e justificações nas angariações de fundos...mas , ainda assim, pode, sempre, dar-se a volta.
Sustento que, leis a mais, só atrapalham. O estado tem de defender o seu bom nome com os meios que tem (e são bastantes). Por vezes, andar á procura da perfeita lei...é distrair-nos daquilo que é essencial.
O favorecimento de estado, não passível de ser controlado,impossível de ser escrutinado, tem a ver com solidariedades grupais, tribais e partidárias...que, muitas das vezes, permite a chamada engenharia social, a reconstrução e/ou construção de grupos empresariais: isto sabe-se, tanto no plano nacional, no plano regional (veja-se o grupo de Jaime Ramos, na Madeira, construído em 12 anos, a partir dum negócio de sanitas!), como até no plano municipal.
Agora, o "negócio indevido", a participação "ilegítima em negócio" o "peculato", o "peculato de uso", praticada por detentores de cargos públicos, com mandato electivo, ou não, entre outras situações,isso é crime e, como tal deve ser punido.E tem de ser punido, exemplarmente.
José Albergaria

quarta-feira, julho 30, 2008

Carlos Oliveira...uma vez mais.


Ando a revisitar um dos maiores e mais proficúos poetas do século XX.
Hoje inclassificável, do ponto de vista das taxionomias ideológicas que espartilharam artistas, escritores, músicos e homens nos idos de 60.
O que sobra é a beleza do poetar do homem da Gandara, a quem Cardoso Pires e Augusto Abelaira, entre outros, lhe dedicaram admiração, respeito e, sobretudo, muita amizade.
Para partilhar, aqui vos deixo uma:
"LÁGRIMA
A cada hora
o frio
que o sangue leva ao coração
nos gela como o rio
do tempo aos derradeiros glaciares
quando a espuma dos mares
se transformar em pedra.
Ah no deserto
do próprio céu gelado
pudesses tu suster ao menos na descida
uma estrela qualquer
e ao seu calor fundir a neve que bastasse
à lágrima pedida
pela nossa morte.
Carlos Oliveira
Obras
Editorial Caminho"
JA

Rafa Nadal: o tenista do povo.


Confesso-me um pequeno apreciador de ténis.
Confesso-me um grande admirador do catalão Rafael Nadal, amante dos merengues e sobrinho duma velha glória do futebol espanhol, o defesa Nadal.
Ver Rafael Nadal nos courts, a bater-se por cada ponto, com pancadas demolidoras, duma precisão teleguiada, a bola a cair em ínfimos espaços do campo...é quase uma epifania.
O ténis deste jogador tem, além do mais uma dimensão estética: os movimentos, as recepções, as pancadas de ataque, as deslocações dele e dos adversários...únicos!
O último confronto, com o ainda número 1 ATP, Roger Federer, em inglaterra, no mítico court de Wimbledon - foi uma espécie de combate de titãs...um hino á modalidade, que sei elitista, mas que eu, modesto "pequeno-burguês", também aprecio.
JA

terça-feira, julho 29, 2008

Carlos de Oliveira: trabalho poético.


Dos maiores poetas do século XX.
Normalmente agrupado nos neorealistas, a sua estética coloca-o no grupo dos poetas hoje já clássicos e de leitura e fruição obrigatórias.
Deixo aqui um poema, do seu Trabalho Poético e publicado nas Obras de Carlos de Oliveira da chancela da Editorial Caminho.
"CANTIGA DO ÓDIO
O amor de guardar ódios
agrada ao meu coração,
se o ódio guardar o amor
de servir a servidão.
Há-de sentir o meu ódio
quem o meu ódio mereça:
ó vida, cega-me os olhos
se não cumprir a promessa.
E venha a morte depois
fria como a luz dos astros:
que nos importa morrer
se não morrermos de rastros?
Carlos de Oliveira"
JA

segunda-feira, julho 28, 2008

Se uma abelha incomoda...um enxame impede o acesso aos arquivos do PCP!












Numa extensa e não tão interessante entrevista como se poderia expectar a José Pacheco Pereira( menos por responsabilidade de JPP do que pela do jornalista, que poderia ter aprofundado alguns filões...)há um aspecto notável - ao qual não resisto ao pecado da transcrição:
"Pergunta: Mas o PCP não o deixa entrar no seu arquivo!
Resposta:Não. A última resposta que tive foi de Carlos Carvalhas era que o arquivo tinha uma infestação de abelhas. Eu disse-lhe que não me importava de ir vestido de apicultor mas...Acho que o PCP mudará a atitude e tenho de reconhecer que muitos militantes, até históricos, têm uma atitude diferente da do passado, mas está muito longe de permitir a investigação necessária. Os arquivos do PCP são a última grande fonte de história contemporânea ainda fechada."
Fazendo a transliteração da história do elefante para a duma abelha, fácil é concluir que um enxame consegue a proeza de impedir o acesso "à última grande fonte de história contemporânea."
JA

Quem disse que o bolivariano não tinha sentido de humor?


A edição, de hoje, do El País, na capa, publica esta foto magnifica.
O único mistério que subsiste: Hugo Chavez não revelou quem lhe tinha oferecido a camisola.
E ele há quem diga que o bolivariano não tem sentido de humor!...
JA

domingo, julho 27, 2008

O Verão está a devastar neurónios na blogooesfera.


O João Tunes dono do Água Lisa6 (não tendo sido o único...) tem autoridade moral para defender hoje Barack Hossein (não estou certo da grafia destes dois nomes; Barack=Baruc=Bento;Hossein=Hussein) Obama - porque desde sempre assinalou neste candidato, bem antes dele ser nomeado pelos Democratas,um discurso NOVO, a anunciar NOVOS TEMPOS, mesmo quando Obama não conseguia entrar no eleitorado da senhora Clinton: afro-americanos, pobres, pequena burguesia,etc
Foi, pois, sem surpresa que li, no Água Lisa6, um lúcido poste subordinado a um titulo não menos sugestivo: "Quo Vadis anti-americanismo?"
Para enquadrar o meu poste cito de seguida a parte daquele que o João Tunes escreveu:
"Mas Obama não só não entusiasma os anti-americanos de véspera (que diziam que não eram contra a América mas só contra Bush) como a frieza quanto às mudanças que ele pode ou vai operar, aumenta. Fenómeno estranho. Para já, provisoriamente e até melhor entendimento, concluo que os mais genuínos entre a esquerda europeia anti-americana, enquanto Obama estagia para Presidente, está a estagiar para o novo confronto pós-Bush, ou seja, independentemente de quem é Presidente, a América é e será o Império do Mal. Até que a esquerda europeia substitua, na América, a esquerda americana?"

Eu, modesto aprendiz do espírito critico, da análise politica e modestíssimo comentador de factos, ocorrências e outras minudências considerei este texto duma meridiana clareza e a merecer comentário e reflexão...mas para mais adiante, quando os dados (confronto directo entre Obama e Mc Cain) estiverem lançados e os programas respectivos conhecidos.

Puro engano. Dois companheiros bloguistas decidiram interpelar o texto do João Tunes. Eu diria até: decidiram atropelar o poste do João Tunes.

Vejam só.

O Lutz, que sendo alemão (é o que consta...)tem um português de primeiríssima água e um pensamento critico assaz criativo, postou, na caixa de comentários do Água Lisa6 esta pérola que de seguida vos deixo ler (o João Tunes já lhe respondeu, vergastando-o q.b.):

"De Lutz a 25 de Julho de 2008 às 18:54
Como é problemático falar de entidades tão genéricas como a "esquerda" ou a "esquerda europeia", ou também "anti-americanismo"!Pode ser-se de esquerda sem ser anti-imperialista? Há quem dirá que não, a começar pelos que ainda choram a derrocada do império da esquerda. Mas deixamos este de parte, cujo anti-imperialismo não passa de uma mentira hipócrita.Mas há os outros. Eu, por exemplo. Não sou imperialista, não gosto de impérios, e ao mesmo tempo não tenho dúvidas de que a América de hoje é um império. Terei que deduzir disto que não posso ser senão um anti-americano?Vê-se aqui que o rótulo "anti-americano", é uma denúncia injusta e desonesta, um anti-imperialista, uma pessoa anti-imperialismo-americano, não é necessariamente um anti-americano."

Eu, cá para mim, sustento que este prosear só se pode explicar pelo efeito devastador dos raios solares sobre os neurónios de Lutz. Vão para a praia a horas inconvenientes. Deixam-se bombardear pelos raios ultra violetas...e, vejam só, no que dá?!...Incompreensível.

Mas, o melhor ainda estava para vir. A "piéce de resistance" viria no cinzento (ás vezes veste-se de cor, quando publica as belíssimas telas de Fernand Léger), no ortodoxo blogue do "anti-comunista" terciário (porque ainda é membro do Comité Central)Vítor Dias, o Tempo das Cerejas.

Publico todo o poste, até para instrução das gerações vindouras, tal a qualidade do texto, da análise e do espírito critico que lhe subjaz.

Leiam, meditem e, se possível, critiquem-no.

Aqui vai, com titulo e tudo:

"Um para Obama,
quatro para Mc Cain

Acabo de ler na blogosfera um inenarrável exercício de mistificação, guerra à independência de juizo e combate ao espírito crítico expostos nos seguintes termos finais por quem deve achar que a história americana vai começar com Obama e que o passado não nos ensinou nada:
«(...) Obama não só não entusiasma os anti-americanos de véspera (que diziam que não eram contra a América mas só contra Bush) como a frieza quanto às mudanças que ele pode ou vai operar, aumenta. Fenómeno estranho. Para já, provisoriamente e até melhor entendimento, concluo que os mais genuínos entre a esquerda europeia anti-americana, enquanto Obama estagia para Presidente, está a estagiar para o novo confronto pós-Bush, ou seja, independentemente de quem é Presidente, a América é e será o Império do Mal. Até que a esquerda europeia substitua, na América, a esquerda americana ?».(*) [sublinhados meus]Absolutamente intimidado por este responso e raspanete e não desejando ser blasfemo em relação a essa nova religião política chamada Obamania, apresso-me a deixar aqui apenas um cartoon sobre Obama logo largamente abafado e compensado por QUATRO sobre John Mc Cain. Será que assim serei perdoado ?


(*) Para se perceber que há cabeças que também fazem o papel de cataventos, sublinhe-se entretanto que o autor destas doutas sentenças quando, com obsessiva frequência, escreve sobre os problemas ou fracassos das experiências do chamado «socialismo real», sempre põe o acento tónico não nas personalidades mas nas questões estruturais do sistema e da sua ideologia."

Então esta nótula de rodapé...ela é todo um programa!

Vejam só o que um modesto poste do João Tunes, de mor actualidade, aceite-se, mas ainda assim modesto, provocou? Dois feridos graves na blogoesfera...e não são pequenos.

Um, o Lutz, arguto, sagaz, assertivo (até aquando do confronto futebolístico da Alemanha contra Portugal foi frontal e virulento...mas sempre inteligente)e sempre com um sentido critico apurado. Desta vez, vá-se lá saber porquê, espalhou-se completamente e ao comprido. E teve mesmo recidiva. O João Tunes repondeu-lhe e ele insistiu com uma desculpa/explicação toda ela esfarrapada!

Já o Vítor Dias?!...nem sei o que diga.

Em Portugal, na nossa blogoesfera nacional, até que pode ser um caso do foro psicológico. Mantém uma relação de "ódio" com o João Tunes, uma relação de "suspeição" permanente para com o pensamento de João Tunes e, mais ainda, uma vontade permanente de o destruir por que, para ele, é um consabido e "avinagrado" inimigo a abater.Se fosse na velhinha URSS, ao tempo de Estaline, como seria, Vítor Dias?...Como é que se resolvia estas contradições, entre o pensamento justo (o SEU) e as posições burguesas, dos inimigos de classe,as do João Tunes?

È que nem preciso de explicitar a resposta!

Mas, o que me espantou mesmo, foi a nota de rodapé. Então o Vítor Dias zurze no João Tunes porque, ele, quando ataca, critica, analisa, os universos comunistas (os que implodiram e os que ainda, caducos, feudais, persistem)"põe o acento tónico não nas personalidades, mas nas questões estruturais do sistema e da sua ideologia".

Mas, "camarada" Vítor Dias, já reparou, que isso, dito assim e por si, não pode deixar de ser considerado um elogio!

O marxismo sempre considerou determinante a estrutura, as infraestruturas, as classes, o modo de produção, as relações de propriedade, a propriedade dos meios de produção, a luta de classes e, isso sustentado numa ideologia: o materialismo dialecto e o materialismo histórico.

Marx e os marxistas, os seu próceres, sempre dedicaram pouca massa cinzenta ao papel do individuo na história, mas , ainda assim, alguns, poucos, lhe dedicaram páginas interessantes...

Agora, você criticar o João Tunes por hipervalorizar o papel de Barack Obama no futuro do USA?! Nem queria acreditar!

Quantos milhares de caracteres dedicou já o João Tunes a tentar perceber o papel de Estaline,Fidel Castro, Álvaro Cunhal, no seu tempo, nos seus países respectivos, e não só?!...

Acho mesmo, que o Verão está a devastar neurónios e, as primeira vitimas importantes e visíveis, Lutz e o "nosso" bloguista do tempo das cerejas, culto, quase sempre bem informado, cosmopolita, erudito, mas, insistentemente, comunista e, repetitivamente, marxista ortodoxo ( eu não devia estar a "mimá-lo" com elogios ou a atribuir-lhe qualidades...porque ele não gosta, quando tal vem dos "inimigos"), Vítor Dias.

José Albergaria

sábado, julho 26, 2008

ALDA LARA, poeta angolana.


"ALDA LARA (1930-1962)Alda Ferreira Pires Barreto de Lara Albuquerque. Benguela, Angola, 9.6.1930 - Cambambe, Angola, 30.1.1962. Era casada com o escritor Orlando Albuquerque. Muito nova veio para Lisboa onde concluiu o 7º ano dos liceus. Freqüentou as Faculdades de Medicina de Lisboa e Coimbra, licenciando-se por esta última. Em Lisboa esteve ligada a algumas das atividades da Casa dos Estudantes do Império. Declamadora, chamou a atenção para os poetas africanos. Depois da sua morte, a Câmara Municipal de Sá da Bandeira instituiu o Prêmio Alda Lara para poesia. Orlando Albuquerque propôs-se editar-lhe postumamente toda a obra e nesse caminho reuniu e publicou já um volume de poesias e um caderno de contos. Colaborou em alguns jornais ou revistas, incluindo a Mensagem (CEI). Figura em: Antologia de poesias angolanas, Nova Lisboa, 1958; amostra de poesia in Estudos Ultramarinos, nº 3, Lisboa1959; Antologia da terra portuguesa - Angola, Lisboa, s/d (196?)1; Poetas angolanos, Lisboa, 1962; Poetas e contistas africanos, S.Paulo, 1963; Mákua 2 - antologia poética, Sá da Bandeira, 1963; Mákua 3, idem; Antologia poética angolana, Sá da Bandeira, 1963; Contos portugueses do ultramar - Angola, 2º vol, Porto, 1969. Livros póstumos: Poemas, Sá da Bandeira, 1966; Tempo de chuva, Lobito, 1973.
Da poeta angolana, escolhi o poema Testamento, extraído do livro Poesia Africana de Língua Portuguesa, p. 67-68. Organizado por Maria Alexandre Dáskalos, Lívia Apa e Arlindo Barreiros. Publicado no Rio de Janeiro, por Lacerda Editores em co-edição com a Academia Brasileira de Letras, em 2003.
TESTAMENTO
À prostituta mais nova
do bairro mais velho e escuro,
deixo os meus brincos, lavrados
em cristal, límpido e puro...


E àquela virgem esquecida
rapariga sem ternura,
sonhando algures uma lenda,
deixo o meu vestido branco,
o meu vestido de noiva,todo tecido de renda...


Este meu rosário antigo
ofereço-o àquele amigo
que não acredita em Deus...


E os livros, rosários meus
das contas de outro sofrer,
são para os homens humildes,
que nunca souberam ler.


Quanto aos meus poemas loucos,
esses, que são de dor sincera e desordenada...
esses, que são de esperança,
desesperada mas firme,
deixo-os a ti, meu amor...


Para que, na paz da hora,
em que a minha alma venha
beijar de longe os teus olhos,


vás por essa noite fora...
com passos feitos de lua,
oferecê-los às crianças
que encontrares em cada rua...

Postado por zantonc "
Meu leitor, do Rio de Janeiro, poeta e Professor de literatura, Zantoc de seu nome de guerra na blogoesfera mandou-me o endereço de dois blogues seus.
Um, "Poemargens, onde publica "indiscriminadamente", sem critério aparente, poesia da lusofonia, da Hispânia e da latino América.
Voltarei mais vezes ao seu convivo e, em breve, à sua voz poética, bem interessante por sinal.
Hoje deixo aqui este poema impressivo, duma poeta angolana, falecida, prematuramente...
JA
PS - O texto, entre aspas e que encima este poste é da responsabilidade do meu recente amigo Zantoc.

Quanto valem duas imagens?...




Se uma imagem vale bem cem palavras...perguntei: e quanto valem duas imagens?
Neste caso em apreço, dos encontros, em Madrid, do Presidente Chavez com o Rey Juan Carlos e com o Chefe do Governo Zapatero - já sabemos. Todos os media deram a noticia: Chavez vai vender à Espanha cada barril de crude venezuelano a 100,00USD!
JA

Diplomacia e negócios

O meu amigo João Tunes e dono do blogue Água Lisa6 comentou esta problemática a partir dum poste que eu dediquei ao assunto.
Desse poste isolei a parte onde, porventura, se encerrará alguma discordância entre mim e o João Tunes:

"não está a contar o filme exibido e que todo o mundo viu. Em Angola, Sócrates fez um elogio rasgado à política de Dos Santos e ao MPLA, com Chavez, permitiu que o venezuelano se permitisse intimidade viscosa de amigos políticos e autorizou que Kadafi o apertasse contra o peito numa representação de intimidade politicamente obscena. E Sócrates não disse uma palavrinha (de Luís Amado nada a esperar nesse sentido, pois nunca tivemos um chefe de diplomacia tão dogmatizado no “nim”, cada vez mais lembrando o cinzentismo burocrático do velho e ido Gromiko) a reafirmar os princípios da democracia, das liberdades e dos direitos humanos. Tudo foi, princípios democráticos incluídos, o que o governo português embrulhou na tecnocracia dos negócios. E é isto, não outra coisa, o que está mal. A merecer um saudável protesto, não para fazer uma manifestação a exigir a demissão do governo mas para que não se repita (e em nosso nome)." Fim de citação.
Creio ser este o "ponto" em que, aparentemente, estaremos em desacordo.
Não é.
No fundamental, na substância da critica e dos reparos, estou quase de acordo.
O que eu, sobretudo, não concordo é com facto de muitos comentadores (terá vindo mesmo a senhora Presidente do PSD dizer que mais valia o primeiro-ministro ter ido visitar PME´S do que andar de roda dos senhores dos petróleos!)terem passado ao lado dos alvos das visitas do engº José Sócrates, não terem relatado os resultados "objectivos" das mesmas e terem "hipervalorizado" declarações de circunstância e de conveniência, e as manifestações de "intimidade viscosa" e "intimidade politicamente obscena".
Claro que essas "declarações" e essas "intimidades" me perturbam e desconfortam, mas...
Quanto a Zapatero e à senhora Merkl o problema tem a ver com a importância de cada um dos seus países, com o valor de cada uma destas realidades sociais, económicas, demográficas, tecnológicas - que nos deixam a milhas da Espanha e da Alemanha.
Nós só conseguimos altear a voz quando temos condições para tal. Por exemplo quando tivemos a Presidência da UE.
E, mesmo assim, fazemo-lo, sempre, com discrição e a propósito, como foi, também, o caso da senhora Merkl antes de se deslocar à latino América...e durante a estadia.
Desde a crise do Rey de Espanha do "por que no te callas, hombre", quem tem intermediado nas relações NECESSÁRIAS de Zapatero com Chavez...foi, nem mais nem menos, o "nosso" José Sócrates.
A diplomacia é, nas relações externas dos Estados, o que de mais sinuoso, viscoso, inumano e surreal existe...
Veja-se o dossier Tibete; o dossier Birmânia;o dossier Coreia do Norte; veja-se o infindável dossier "Palestina"; veja-se o dossier Guantanamo; veja-se o dossier direitos humanos em Cuba;veja-se as FARC da Colômbia e etc; e etc; e etc.
Não estou a querer fugir a nenhuma discussão, não estou a querer contornar nenhuma dificuldade, não estou a querer "defender", em nome da sacrossanta diplomacia económica, ou realpolitik, farsantes como Eduardo dos Santos, Chavez ou Kadafhi.
O que eu quis dizer e em jeito de conclusão:
1/ Foram deveras importantes, para o interesse nacional, as visitas de José Sócrates a Angola, à Argélia,à Venezuela (e a visita de Chavez a Portugal)e à Líbia;
2/As declarações verbais, os salamaleques, os cumprimentos e os abraços efectuados por Sócrates (não sendo do meu particular apreço e entusiasmo)foram-no de circunstância e conveniência;
3/A diplomacia tem instrumentos hierarquizados (as notas; as recomendações; as declarações conjuntas...); não me apercebi que tivessem havido "Declarações Conjuntas" e, no caso de as terem elaborado - não me apercebi de nenhum apoio "explicito" do Governo português àqueles regimes "em concreto".
Foi isto que eu quis afirmar.
José Albergaria
PS - Depois...depois, ele há o "estilo" José Sócrates que não agrada a muita gente.
Eu, já o afirmei, convivo melhor com os pré-socráticos, mas tenho de reconhecer que este nosso primeiro-ministro tem obtido alguns sucessos e, em particular, nas relações internacionais.
Objectivamente.

sexta-feira, julho 25, 2008

Porque hoje é sexta-feira, é Verão e quase não acontece nada...

O anticomunismo foi coisa que andou na moda, teve o seu tempo e, de quando em vez, lá reaparece...às vezes, sob a forma de anedota.
"Quantos tipos de anticomunismo existem?
Três:
1/Primário;
2/Secundário;
3/Terciário.
O primário é o de direita;
o secundário é o de extrema esquerda;
e o terciário...é o do Comité Central."
De autor desconhecido, século XX.
JA

Uma imagem vale bem cem palavras. E duas?!...




Fotos de ontem, dia 24 de Julho de 2008, em Espanha.
Os que acham que José Sócrates anda em más companhias - quererão legendar estas fotos?!
JA

Interesse nacional, comércio internacional e boa governança.

Por estes dias tem-se discutido bastante as iniciativas internacionais do eng.º Sócrates. Foi à Argélia, foi a Luanda, foi à Líbia e recebeu o Presidente eleito (digo: reeleito) da Venezuela. Portugal, faz muito tempo, tem interesses em Luanda e na Venezuela. Ultimamente tem-se aproximado de Kadhafi e da Líbia (aquando da cimeira com África durante a presidência portuguesa da UE).
Estas iniciativas internacionais do eng.º Sócrates visaram, sobretudo a realização de negócios: comprar matérias primas, essencialmente, hidrocarburos e vender o que temos (obras públicas estão no top das nossas contrapartidas).
Estivemos, sempre, a falar de economia.
Nunca se colocaram questões ideológicas.
Nas declarações conjuntas nunca, da parte portuguesa se verificou a mínima das manifestações de apoio aos "regimes" que cada uma destes senhores representa: Chavez, Eduardo dos Santos e Kadhafi.
Chavez veio á Europa. O primeiro país que visitou? Portugal. Depois foi demandar terras de Espanha, para se reunir com o Rei, que foi treinado por Franco e que foi "empossado" pelo velho ditador. Esse facto histórico tem diminuído D. Juan Carlos de Bourbon (parece que ainda é Rey do Algarve!)? Não me parece.
Mas quando D. Juan Carlos mandou calar Chavez (por que estaria a chamar fascista a D. Aznar...) todas as "boas e puras almas" de democratas convictos aplaudiram o Rey. Porquê? Por que tinha posta na linha o messiânico, o bolivariano, o populista (eleito várias vezes em eleições limpas na Venezuela) Hugo Chavez.
Agora, Hugo Chavez, foi a Espanha para receber as "desculpas" do Rey da Espanha...que já foi imperial!
Quando misturamos flores com (...) baralhamos os tópicos, os dossiers, os planos da discussão e tuti e quanti!
Quando não temos cão caçámos com gato. Quando não temos hidrocarburos, ou gaz natural, o que fazer? Investimos em Angola, no Brasil e na Venezuela...Porquê? por que fizemos questão e aqueles países nos autorizaram. O que estamos a fazer, agora? Estamos a diversificar as dependências. Estávamos a comprar, quase exclusivamente, gaz natural à Argélia. Vamos receber gaz natural da Venezuela e também da Líbia.
Estamos, e bem, a investir nas energias renováveis em Portugal e, a EDP, está a investir, nesta área, nos USA.
Importa fazer uma referência a uma questão central no nosso paradigma económico.
As actividades económicas não são TODAS iguais.
Por que é que o Estado tem de ter uma Banco Comercial, a Caixa geral de Depósitos? Porque é que o Estado tem de ter o "controlo" das empresas energéticas ( GALP e EDP)? Porque é que o Estado tem de ter o controlo das Águas de Portugal e das Estradas de Portugal?Porque é que o Estado tem ter o controlo da PT/Comunicações e da RTP? Porque é que o estado tem de ter o Controlo das Barragens?
Isto é todo uma debate, constantemente em cima da mesa. Os liberais, mesmo a sério, acham que há Estado a mais na economia . Os esquerdistas, sócio-marxistas, acreditam que poderia haver ainda mais Estado na Economia.
É o sempre "estimulante" debate esquerda direita.
Agora, há aspectos inquestionáveis: o interesses nacional, a defesa nacional, a soberania nacional! Há coisas que não se podem alienar para os privados. O exercício da ordem, da justiça, da emissão de moeda, da defesa nacional e, digo eu, a energia (qualquer que ela seja: fóssil, eólica, hídrica), as comunicações e etc.
A discussão à volta dos salamaleques que o eng.º Sócrates fez aos dirigentes de Angola, Venezuela e Líbia é, mesmo e só, para fugir ao debate das bem sucedidas (ou não...) iniciativas económicas e comerciais do actual Governo.
Que negócios fez José Sócrates em Luanda, na Líbia e na Venezuela? Teve de se vergar à "excelência" dos regimes, das práticas políticas vigentes?
Passa pela cabeça de alguém, hoje em dia, deixar de fazer negócios com os USA, porque o Bush é "semi-louco"? Passa pela cabeça de alguém, no seu perfeito juízo, dirigente de governo, ou empresário (se tiver oportunidade) deixar de fazer negócio com a China continental, a República Popular da China (porque o regime é feudal, é inumano e totalitário)?
Há por aí muita gente inteligente a gastar argumentos torcidos, disfuncionais e inadequados à problemática.
José Albergaria
PS - Algumas perturbações históricas.
Na década de sessenta do século XX, quando os mineiros asturianos, sob a ditadura de Franco faziam greve, a Polónia socialista, vendia carvão a Espanha.E isto no tempo em que os campos estavam bem definidos. Hoje, com uma única (por enquanto)potência imperial, os USA, as coisas estão bastante mais baralhadas.
Na história encontramos muitas perturbações, mesmo ao tempo de Hitler. Basta recordarmos, simplesmente, o pacto Germano-Soviético.
Misturar uma ética de pacotilha, com negócios de Estado...dá sempre mau resultado, em meu entendimento.

quinta-feira, julho 24, 2008

Ainda e sempre Robert Musil: "De La Bêtise".

Robert Musil foi noticia, recentemente, em Portugal, pela muitíssimo boa tradução de João Barrento do "Homem sem Qualidades", editado pelas Edições Dom Quixote.

Continuo às voltas com o texto/conferência, apresentada em Viena a 11 de Março de 1937, que Robert Musil fez "Sobre a Estupidez". Então a besta nazi já tudo tinha corrompido, na Alemanha.

Todo o texto é de uma pré clara eficiência e actualidade. Vale por isso a pena lê-lo ou relê-lo.

Para recuperarmos o contacto com Musil, um pedaço mais:

"Fala-se hoje duma crise de confiança no humanismo, duma crise que ameaçará a confiança que todos colocamos no homem até aqui; poderíamos falar duma espécie de pânico que estaria a suceder à segurança onde nos encontrávamos ao ponto de levar a nossa barca sobre o signo da liberdade e da razão.

E não devemos dissimular que esses dois conceitos morais que também se alastram à moral da criação artística:liberdade e razão, conceitos que a idade clássica do cosmopolitismo alemão nos havia legado como critérios da dignidade humana,começaram a dar sinais, desde o meio do século XIX, ou um pouco mais tarde, de decrepitude. Deixaram de ter "validade", deixamos de saber o que fazer com eles; e se os deixamos secar, estiolar, o mérito é menos dos seus adversários do que dos seus defensores."

O que a seguir se desenrolou todos o sabemos. A hecatombe, a Shoa, o genocídio e a barbárie que se abateu sobre a Europa e no mundo inteiro, deu ilustração cabal a este texto de Musil.

JA


quarta-feira, julho 23, 2008

A Reforma da Justiça e o Bastonário da Ordem dos Advogados

O Dr. António Marinho e Pinto, ex-jornalista, advogado e actual Bastonário da Ordem dos Advogados, tem vindo, militantemente e apoiado no seu programa de candidatura vencedora á Ordem dos Advogados, a fustigar tudo quanto, em seu entender, está mal na JUSTIÇA.
Em meu entender, tem-no feito bem e de modo contundente, eficiente.
Na blogoesfera (tirante os blogues especializados, detidos por competentes causidicos e correlativos), nos blogues generalistas ou que se dedicam à politica - tem reinado, sobre a matéria em apreço uma espécie de cortina de silêncio. As razões? Não faço a mínima das ideias, mas que me desconcerta...lá isso desconcerta!
A Justiça, ou o poder de a exercer, é um dos TRÊS poderes que o Soberano (entenda-se, hoje, o Povo) delegou: O Governo(poder executivo);O Parlamento (poder legislativo) e os Tribunais, mais os magistrados, os procuradores do ministério público,os advogados (o poder judiciário). Isto é um esquema muito simples dos poderes, aos quais acrescem ainda os aparelhos ideológicos do poder (a escola, a igreja, os partidos, e etc...), mas para a utilidade do meu argumentário basta.
Mas voltemos à vaca fria.
O Bastonário, Marinho e Pinto tem lançado o pânico nas hostes "situacionistas" e que estão a sufocar o sistema.
Em quem é que ele zurze, com certeira e ajuizada pontaria? Nos Juízes, nos tribunais e no "Sindicato" dos Magistrados!Pasme-se, um sindicato para detentores do Órgão de soberania?! Porque não um sindicato para os Ministros? E outro para os Secretários de estado?! E ainda outro para os deputados?!
O Bastonário, corre o inenarrável e vitalício Cluny (não confundir com o livro de Henry Miller "Les Jours tranquiles à Cluny")à vergastada e equipara, e bem, o espaço dos tribunais, ao espaço hediondo dos tribunais plenários no fascismo!Atente-se à organização dos espaço dos tribunais: O Juiz no palanque, a dominar de frente todo os espaço cénico; os advogados patrocinadores das partes, sentados lateralmente, numa quota abaixo da do Juiz; o procurador, ao fundo por trás do arguido, ou testemunha, numa quota acima dos advogados, mas ligeiramente abaixo do Juiz; o arguido ou testemunha, só, no meio do espaço vazio, objecto e centro dos olhares de todos os "actores" desta ópera bufa, apoucado, diminuído, acossado e...leva, ainda, na retaguarda com o procurador...
Portanto, quando Marinho e Pinto diz que os tribunais semelham aos do fascismo, utilizados para calar, prender e diminuir os adversários do regime...tem toda a razão!
Há quem sustente que a reforma da justiça, como todas as reformas de estado, ou do estado devem ser proporcionadas pelo Governo.
Parece-me bem que sim.
No entanto é preciso preparar a opinião pública, é necessário "ganhar" ou neutralizar os actores que podem ser agentes activos da mudança, ou "contra" reformistas (os juízes, os procuradores, os advogados, os...sindicatos de todo o jaez).
O Bastonário da Ordem dos Advogados, António Marinho e Pinto, tem tido uma actividade meritória na denuncia das situações, tem dado nome aos "bois" e tem arrostado com uma multitude de campanhas, algumas até visando o seu carácter e honradez. O seu estatuto actual dá-lhe visibilidade, protagonismo e isso aumenta o alcance e a proficiência das suas mensagens.
No site da ordem dos Advogados - deixou um extensíssimo documento que, na minha opinião é de leitura obrigatória para TODOS os que estão preocupados com o Estado, com as necessárias e urgentes Reformas e com o estado e a reforma da Justiça em Portugal:
(este texto foi reduzido por mim a dia 25 de Julho)
" A COMPARAÇÃO ENTRE MAGISTRADOS E PIDES
O primeiro tem a ver com as tentativas de intoxicação mediática a que continuaremos a estar sujeitos por parte de alguns jornais de Lisboa que durante a campanha eleitoral estiveram declaradamente a favor de um candidato derrotado. Recentemente, um tablóide lisboeta, o Diário de Notícias, chegou ao ponto de fazer uma manchete a propósito da minha remuneração, apresentando-a quase como se fosse um roubo à Ordem dos Advogados. Ou seja, uma proposta do meu programa e que fora apresentada de forma transparente durante a campanha eleitoral foi noticiada, em finais de Junho p.p., pelo Diário de Notícias, foi noticiada como se fosse um golpe oportunista do Bastonário depois de eleito. O segundo tem a ver com as notícias segundo as quais eu tinha comparado os magistrados a agentes da PIDE. É falso. O que se passou foi o que a seguir se descreve. Fui convidado pelo antigo Presidente da República, Dr. Mário Soares, para proferir uma conferência sobre a crise da Justiça, na Casa Museu João Soares, em Cortes, Leiria, a qual se realizou na passada 4ª feira, dia 9 de Julho. A conferência destinava-se sobretudo a empresários e membros da Liga de Amigos dessa Casa Museu. Os Organizadores também enviaram convites a alguns poucos Advogados, tendo comparecido cerca de uma dezena. Sintomaticamente, dois Colegas de Leiria, que tinham sido apoiantes de outro candidato nas últimas eleições, andaram a fazer pressões junto de Advogados para que não fossem a esse jantar. Pressões à parte, o jantar conferência contou com a presença de cerca de uma centena de pessoas e, ao analisar as causas da degradação que atingiu o nosso sistema judicial, apontei, como uma dessas causas, a cultura de poder dominante nos nossos tribunais, em vez de uma cultura de responsabilidade. Afirmei que, infelizmente (foi este o termo que utilizei), alguns magistrados, devido ao imenso poder que têm, preocupam-se mais em manter esse poder, preocupam-se mais serem temidos do que em serem respeitados. E disse que o mesmo se passou com os antigos agentes da PIDE/DGS nos últimos tempos do estado novo – tinham tanto poder que não se preocupavam nada com a opinião que as pessoas em geral tinham acerca deles. Foi apenas a este aspecto e que se referiu a dita comparação, sendo certo que realcei mesmo, a minha preocupação pelo facto de haver cada vez menos pessoas a respeitar os magistrados, justamente porque alguns deles estão mais interessados em que os cidadãos e até os Advogados lhes tenham medo. A badalada comparação entre magistrados e PIDES consistiu nisso e apenas nisso. O resto foi pura falsificação e manipulação. Repare-se que nunca há problemas com as declarações ou entrevistas que eu dou em directo, mesmo as mais contundentes. A polémica só surge quando as minhas posições são noticiadas ou transmitidas em diferido por alguns órgãos de informação. Temos, pois, de estar atentos porque alguns sectores estão dispostos a usar todos os meios, inclusive, a falsificação das minhas declarações para inviabilizar essas reformas. O terceiro ponto tem a ver com uma reunião conspirativa de alguns antigos Bastonários, apoiantes de um candidato a Bastonário que saiu derrotado. Alguns desses antigos Bastonários já me atacavam no próprio dia das eleições ainda antes de os votos estarem contados e outros nunca esconderam o desconforto por ter sido eleito Bastonário um Advogado que não pertence ao círculo da aristocracia tradicional de onde habitualmente saíam os candidatos vencedores. Garanto que tudo farei para sensibilizar esses ilustríssimos antigos bastonários sobre as virtudes da Democracia, principalmente das eleições livres e com voto universal e secreto. É que, como costuma dizer o nosso Colega João Pereira da Rosa (citando um antepassado seu): «qualquer homem é capaz de ganhar umas eleições; mas, para as saber perder é preciso ser-se um grande Senhor». Infelizmente na Ordem dos Advogados há muita gente que só está habituada a ganhar eleições e, por isso, não sabe perdê-las. Aliás, tem havido mais reuniões desse cariz, incluindo de membros de uma lista derrotada nas últimas eleições, provavelmente preparando-se, para aparecerem, na altura própria, para capitalizar a situação, ou seja, para me responsabilizar pela chicana que os seus apoiantes andam a fazer agora. Mas isso é matéria para desenvolver noutra ocasião.
Lisboa, 14 de Julho de 2008 A. Marinho e Pinto(Bastonário)".
Está aqui tudo e mais aquilo que precisamos de saber sobre a "nossa" justiça e sobre a justiça a haver em Portugal.
Uma nota final.
Será interessante tentar interpretar os "silêncios", tanto do PCP, como do BE sobre as "polémicas" declarações do Bastonário e sobre os "dossiers" que ele tem vindo a abrir.
Tão lestos, ás vezes parece que estão á compita, a atirar saraivadas de pedras, zagalotes e outras munições sobre caça bem menos grossa que esta - porque não falam?!
Pode-se perceber que os Partidos situacionistas, PS e PPD/PSD não se "estiquem" nesta situação, exactamente, porque fazem parte e formatam, à vez, o sistema, mas Partidos - quase anti-sistémicos,como o PCP e o BE, porque não falam?!
O gato, neste caso, comeu-lhes a lingua? É bem possível!
JA