"Aécio foi um general romano (esta informação só tem utilidade para quem não saiba...), nascido em Durostorum, Mésia, em 390 e morreu em 454 dc. Senhor incontestado do Império Romano do Ocidente de 434 a 454 dc, defendeu a Gália contra os Francos e os Burgúndios, tendo contribuído para a derrota de Átila, o Huno, nos campos Catalaúrnicos em 451 dc. Foi assassinado por Valeriano III, Imperador do Oriente, que temia o seu poder."
O lema do Blog em questão é, e parece-me muito bem: "Os leitores devem julgar o blogue unicamente pelo seu conteúdo".
Então vamos ao conteúdo dum poste recente, a pretexto dum programa de Paula Moura Pinheiro, Câmara Clara (titulo roubado a um livro interessantíssimo de Roland Barthes sobre a semiótica da fotografia e que se chama, precisamente, "Câmara Clara"), apresentado na RTP2, Domingo passado e, ontem, Terça-feira, mas que entrou pela madrugada dentro de quarta-feira.
Diz o autor do herdeiro de Aécio, e cito: "O programa de ontem tratou de um tema interessantíssimo, o das possíveis analogias e diferenças entre o Império Romano da Antiguidade e a União Europeia da actualidade. Os convidados de Paula Moura Pinheiro foram o mediático professor José Medeiros Ferreira e o muito menos mediático professor António Manuel Dias Diogo. Este último era tão menos mediático, que o próprio colega de programa (Medeiros Ferreira) acabou, a certa altura, por lhe trocar o nome para Dias Agudo… Mas durante o programa os conhecimentos demonstrados por ambos sobre o tema estiveram na proporção inversa da sua notoriedade mediática e, enquanto fiquei com a impressão que Dias Diogo era um excelente especialista em História Romana, com predilecção pelo período do apogeu dessa civilização (Século I a.C. e I d.C.), constatei que Medeiros Ferreira passou por ser um especialista mais treinado em comunicação televisiva que, para aquele programa, nem fizera revisões na matéria de facto. Como pormenor significativo, quando solicitados a indicar dois livros da sua predilecção sobre o tema, Medeiros Ferreira, teve um dos momentos altos do programa, quando começou por indicar e até citar de cor uma das passagens do Júlio César de Shakespeare. Será interessante para mostrar o que na Inglaterra do Século XVI se pensaria sobre Roma mas não terá grande coisa a ver com Roma. Melhor, só a sua segunda sugestão, porque se tratou do último livro que publicou, cuja associação com Roma ele nem tentou estabelecer…Se, como realçou José Medeiros Ferreira, o ego do Júlio César literário de Shakespeare era incomensurável, poucas certezas poderá haver quanto à dimensão do ego do verdadeiro Júlio César histórico. Mas, por todas estas pequenas coisas, parece-me que não existem dúvidas quanto à dimensão do ego do próprio José Medeiros Ferreira…"
Ora bem!, resumir um programa, que durou bem mais de uma hora, que teve peças filmadas e vários convidados, desde um especialista indiano, até ao mediático Rui Tavares e uma jornalista e escritora, que, com aquele, falaram de livros sobre o Império Romano; os Monthy Pithons com uma rábula antiga de judeus a questionarem-se (e a responderem) sobre o que é que os romanos fizeram pela civilização...; óperas dedicadas a Júlio César; um apontamento do Festival de Música Multicultural de Sines; a opinião duma especialista de Coimbra em Roma antiga, que, entre outras coisas, afirmou, que a moeda (tentando-a semelhar com o €), cunhada em várias partes do império, trazia, sempre, a referência ao lugar da cunhagem...foi um dos factores de coesão do Império (referência que mereceu a desaprovação do arqueólogo, António Manuel Dias Diogo, sustentando que o império romano foi pouco monetarista, utilizando, sobremaneira, a troca directa...) é OBRA!
Marc Bloch, no seu último manuscrito, terminado horas antes de ser assassinado pelo "carniceiro" de Lyon, em 1944( creio eu) em que reflecte sobre o "Oficio do Historiador" e que foi publicado no pós-guerra, pelo seu amigo devotado e de sempre Lucien Febvre ( e que conta, hoje, com uma edição critica do filho Etienne Bloch), relata uma história curiosa, sobre os testemunhos presenciais. "Imagine-se, e cito de memória, a batalha de Borodino, na campanha napoleónica da Rússia, relatada pelo próprio Imperador, por um dos seus generais, por um comandante de batalhão, por um artilheiro e por um soldado de cavalaria. Em qual versão acreditar? Qual a versão mais fiável? Nenhum delas seria rigorosa se reconhecêssemos a memória singular como testemunho único do acontecimento."
Ora bem, o relato do programa da Paula Moura Pinheiro feito pelo "general" Aécio é, de quase todos os pontos de vista, lamentável.
Tentar, contando pequeníssimos episódios do dito programa, passar para os seus leitores a "boutade" final sobre "o ego do próprio Medeiros Ferreira" é, no mínimo, hilariante!
Se não gosta de Medeiros Ferreira...e, claro, é o seu direito - diga-o sem ademanes, ou fintas e sem pretexto de espécie alguma.
Obriguei-me, com o maior gosto e interesse, a ver o programa da Moura Pinheiro (que, em meu modesto entendimento, é ignorante de pai e mãe...Não reparou? Então a senhora não sabia que, ao tempo de César e de Augusto os judeus tinham, em Jerusalém, e não só, rede de distribuição de água, aquedutos, saneamento básico, agricultura com sistema de irrigação e etc...) hoje já de madrugada (a RTP2 deve estar em poupanças e, portanto, repetiu o programa de Domingo, nesta terça-feira...) e vi desempenhos, notáveis de, cada um em sua especialidade, António Manuel Dias Diogo, Professor Universitário e Arqueólogo ( e, contrariamente ao que o meu amigo Aécio sustenta, nem me pareceu grande especialista em Império Romano...Sabe-o tanto quanto eu que temos enormes especialistas nessa matéria: Maria Helena da Rocha Pereira, Jorge Alarcão, Carlos Fabião...nomeadamente, mas há muitos mais), como de Medeiros Ferreira, Professor Universitário e, provavelmente, a seguir ao Professor Adriano Moreira o nosso melhor especialista em relações internacionais, em tratadística internacional e sumo especialista em União Europeia ( e, se não reparou - foi nessa qualidade que ali se encontrava; nunca na qualidade de especialista em império romano...coisa que ele não é, nunca foi, nem nunca virá a ser).
Recorda-se do debate, que os dois Professores travaram, no mesmo programa que ambos vimos, com acordos e desacordos, a pretexto da República Americana, das similutes e das disparidades com a República e Império Romano?...
Agradeço-lhe ter-me chamado a atenção para o Programa, mas a análise que faz dos "protagonistas", a grelha que utiliza, se o seu "mentor" Aécio a tivesse utilizado nas batalhas nas quais defrontou o temível huno, Átila - de certeza que não teria, hoje, vestido o seu blog com o "pomposo" desígnio de Herdeiro de Aécio.
Aceite os protestos da minha critica, não do meu julgamento (quem sou eu para julgar?!...) ao conteúdo do seu blog e, particularmente, do seu poste "O Ego de César".
José Albergaria
2 comentários:
Como sabe, o meu blogue possui uma caixa de comentários livre para os comentadores que estejam identificados, como é também a prática do seu blogue.
Ora se, num poste em que creio que chega a interpelar-me formalmente (suponho que as expressões “recorda-se, agradeço-lhe, aceite” me seriam dirigidas), houvesse a intenção honesta de me contactar verdadeiramente, mandariam as regras da tecnologia (para não falar já das da boa educação…) fazer uma ligação ao meu blogue, deixar-me ali um comentário, mandar-me uma mensagem para o e-mail lá indicado, sei lá eu…
Tendo sido o acaso a fazer-me aqui chegar, faço questão de ficar a aguardar pelos seus interessantes comentários no “algo pomposo” Herdeiro de Aécio.
Gostei do comentário. Quem não gosta de comentários é o Teixeira, que os apaga quando vão de encontro às suas opiniões. Apagou diversos dos meus que fiz na tal página e ainda me ofendeu. Um autoritário, eis o que é este pequeno espírito.
Enviar um comentário