Eu, modesto aprendiz do espírito critico, da análise politica e modestíssimo comentador de factos, ocorrências e outras minudências considerei este texto duma meridiana clareza e a merecer comentário e reflexão...mas para mais adiante, quando os dados (confronto directo entre Obama e Mc Cain) estiverem lançados e os programas respectivos conhecidos.
Puro engano. Dois companheiros bloguistas decidiram interpelar o texto do João Tunes. Eu diria até: decidiram atropelar o poste do João Tunes.
Vejam só.O Lutz, que sendo alemão (é o que consta...)tem um português de primeiríssima água e um pensamento critico assaz criativo, postou, na caixa de comentários do Água Lisa6 esta pérola que de seguida vos deixo ler (o João Tunes já lhe respondeu, vergastando-o q.b.):
"De Lutz a 25 de Julho de 2008 às 18:54Como é problemático falar de entidades tão genéricas como a "esquerda" ou a "esquerda europeia", ou também "anti-americanismo"!Pode ser-se de esquerda sem ser anti-imperialista? Há quem dirá que não, a começar pelos que ainda choram a derrocada do império da esquerda. Mas deixamos este de parte, cujo anti-imperialismo não passa de uma mentira hipócrita.Mas há os outros. Eu, por exemplo. Não sou imperialista, não gosto de impérios, e ao mesmo tempo não tenho dúvidas de que a América de hoje é um império. Terei que deduzir disto que não posso ser senão um anti-americano?Vê-se aqui que o rótulo "anti-americano", é uma denúncia injusta e desonesta, um anti-imperialista, uma pessoa anti-imperialismo-americano, não é necessariamente um anti-americano."
Eu, cá para mim, sustento que este prosear só se pode explicar pelo efeito devastador dos raios solares sobre os neurónios de Lutz. Vão para a praia a horas inconvenientes. Deixam-se bombardear pelos raios ultra violetas...e, vejam só, no que dá?!...Incompreensível.
Mas, o melhor ainda estava para vir. A "piéce de resistance" viria no cinzento (ás vezes veste-se de cor, quando publica as belíssimas telas de Fernand Léger), no ortodoxo blogue do "anti-comunista" terciário (porque ainda é membro do Comité Central)Vítor Dias, o Tempo das Cerejas.Publico todo o poste, até para instrução das gerações vindouras, tal a qualidade do texto, da análise e do espírito critico que lhe subjaz.
Leiam, meditem e, se possível, critiquem-no.
Aqui vai, com titulo e tudo:
"Um para Obama,quatro para Mc Cain
Acabo de ler na blogosfera um inenarrável exercício de mistificação, guerra à independência de juizo e combate ao espírito crítico expostos nos seguintes termos finais por quem deve achar que a história americana vai começar com Obama e que o passado não nos ensinou nada: «(...) Obama não só não entusiasma os anti-americanos de véspera (que diziam que não eram contra a América mas só contra Bush) como a frieza quanto às mudanças que ele pode ou vai operar, aumenta. Fenómeno estranho. Para já, provisoriamente e até melhor entendimento, concluo que os mais genuínos entre a esquerda europeia anti-americana, enquanto Obama estagia para Presidente, está a estagiar para o novo confronto pós-Bush, ou seja, independentemente de quem é Presidente, a América é e será o Império do Mal. Até que a esquerda europeia substitua, na América, a esquerda americana ?».(*) [sublinhados meus]Absolutamente intimidado por este responso e raspanete e não desejando ser blasfemo em relação a essa nova religião política chamada Obamania, apresso-me a deixar aqui apenas um cartoon sobre Obama logo largamente abafado e compensado por QUATRO sobre John Mc Cain. Será que assim serei perdoado ?
(*) Para se perceber que há cabeças que também fazem o papel de cataventos, sublinhe-se entretanto que o autor destas doutas sentenças quando, com obsessiva frequência, escreve sobre os problemas ou fracassos das experiências do chamado «socialismo real», sempre põe o acento tónico não nas personalidades mas nas questões estruturais do sistema e da sua ideologia."
Então esta nótula de rodapé...ela é todo um programa!
Vejam só o que um modesto poste do João Tunes, de mor actualidade, aceite-se, mas ainda assim modesto, provocou? Dois feridos graves na blogoesfera...e não são pequenos.
Um, o Lutz, arguto, sagaz, assertivo (até aquando do confronto futebolístico da Alemanha contra Portugal foi frontal e virulento...mas sempre inteligente)e sempre com um sentido critico apurado. Desta vez, vá-se lá saber porquê, espalhou-se completamente e ao comprido. E teve mesmo recidiva. O João Tunes repondeu-lhe e ele insistiu com uma desculpa/explicação toda ela esfarrapada!
Já o Vítor Dias?!...nem sei o que diga.
Em Portugal, na nossa blogoesfera nacional, até que pode ser um caso do foro psicológico. Mantém uma relação de "ódio" com o João Tunes, uma relação de "suspeição" permanente para com o pensamento de João Tunes e, mais ainda, uma vontade permanente de o destruir por que, para ele, é um consabido e "avinagrado" inimigo a abater.Se fosse na velhinha URSS, ao tempo de Estaline, como seria, Vítor Dias?...Como é que se resolvia estas contradições, entre o pensamento justo (o SEU) e as posições burguesas, dos inimigos de classe,as do João Tunes?
È que nem preciso de explicitar a resposta!
Mas, o que me espantou mesmo, foi a nota de rodapé. Então o Vítor Dias zurze no João Tunes porque, ele, quando ataca, critica, analisa, os universos comunistas (os que implodiram e os que ainda, caducos, feudais, persistem)"põe o acento tónico não nas personalidades, mas nas questões estruturais do sistema e da sua ideologia".
Mas, "camarada" Vítor Dias, já reparou, que isso, dito assim e por si, não pode deixar de ser considerado um elogio!
O marxismo sempre considerou determinante a estrutura, as infraestruturas, as classes, o modo de produção, as relações de propriedade, a propriedade dos meios de produção, a luta de classes e, isso sustentado numa ideologia: o materialismo dialecto e o materialismo histórico.
Marx e os marxistas, os seu próceres, sempre dedicaram pouca massa cinzenta ao papel do individuo na história, mas , ainda assim, alguns, poucos, lhe dedicaram páginas interessantes...
Agora, você criticar o João Tunes por hipervalorizar o papel de Barack Obama no futuro do USA?! Nem queria acreditar!
Quantos milhares de caracteres dedicou já o João Tunes a tentar perceber o papel de Estaline,Fidel Castro, Álvaro Cunhal, no seu tempo, nos seus países respectivos, e não só?!...
Acho mesmo, que o Verão está a devastar neurónios e, as primeira vitimas importantes e visíveis, Lutz e o "nosso" bloguista do tempo das cerejas, culto, quase sempre bem informado, cosmopolita, erudito, mas, insistentemente, comunista e, repetitivamente, marxista ortodoxo ( eu não devia estar a "mimá-lo" com elogios ou a atribuir-lhe qualidades...porque ele não gosta, quando tal vem dos "inimigos"), Vítor Dias.
José Albergaria
4 comentários:
Parece ser bem verdade que a amizade cega.
Só isso, creio, pode explicar que J. Albergaria apenas considere o «post» de J.T. como «este texto duma meridiana clareza e a merecer comentário e reflexão...mas para mais adiante, quando os dados (confronto directo entre Obama e Mc Cain) estiverem lançados e os programas respectivos conhecidos.»
Ou seja, a J. Albergaria não o chocou alguém que se reclama da esquerda vir atirar a sectores portugueses de esquerda o labéu de «antiamericano» que é um truque que, politica e ideologicamente, todos sabemos onde nasceu e para proteger o quê.
A J. Albergaria também não o chocou que, num «post» daqueles recheado de piadas a uns críticos portugueses não identificados de Obama, não houvesse uma palavra sobre as condicionantes estruturais da sociedade, do sistema político e da ideologia dominante dos EUA e sobre as suas mais que certas limitações que trarão à acção e política de Obama se eleito Presidente.
A J. Albergaria não o chocou o recurso à piada porca a sectores de esquerda de que vêem os EUA como o «Império do Mal» quando se sabe que quem criou a expressão e a aplicou a outros foram os EUA, ou seja os seus responsáveis políticos da época.
A J. Albergaria, por fim, não o chocou aquela piada rasca de a esquerda europeia quer mandar na esquerda americana. E, insisto, a piada é rasca pela simples razão de que ainda não li em Portugal em criticas a Obama um décimo do que já foi dito e escrito (e desenhado, já agora!)por sectores da «esquerda» americana ( e não radicalmente de esquerda ou furiosamente «liberais»)sobre os compromissos, cedências, contradições e flip-flops de B. Obama.
E estou desconfiado que a J. Albergaria também não o chocou que por detrás do «post» de J.T. no fundo, bem no fundo, esteja o inaceitável raspanete, de recorte absurdamente tacticista para Portugal, do tipo «o que é preciso é derrotar o McCain, portanto, bico calado nas críticas a Obama».
Mais verdade tem o outro, simétrico, aforismo: "o ódio cega".
A amizade é um estado de alma, positivo, criativo, mesmo enriquecedor.
Quanto ao ódio...parece-me que é algo de mórbido,a reflectir alguma descompensação...disfunção.
Mas não é de sentimentos, nem de estados de alma que se faz o nosso debate.
Se reparou, e fê-lo concerteza, eu nem comentei a substância do poste de João Tunes.
Se quer saber a verdade, sem me manifestar expressamente, torci para que a senhora Clinton fosse a nomeada...paciência.
Mas sustento que não será bom, nem para os USA, menos ainda para o mundo se ganhar o senhor Mc Cain, republicano.Os USA e o mundo precisam duma NOVA POLITICA!
E não comentei o poste de João Tunes por que me pareceu extemporâneo fazê-lo.
Achei, isso sim, desconcertante os comentários de LUTZ e os seus, sobretudo no que concerne à adjectivação.
Neste seu comentário, postado aqui, bastante substantivo, muito do que você afirma eu subscrevo e acho bastante pertinente.
Até porque os candidatos de "esquerda" nos USA, normalmente, no poder (Kenedy, Carter, Clinton...) fazem (em politica internacional sempre)uma politica imperial, errática e inumana.
Portanto, aquilo que, normalmente, separa a esquerda da direita na Europa, nos USA não se percebe do mesmo modo.
Acho que você leu no poste do João Tunes, muito do que lá não se encontra.
A questão do "Império do Mal" tem a ver com o facto dos USA serem mesmo a única potência imperial da actualidade (questão sobre a qual estamos TODOS de acordo).
O que o João Tunes parece criticar é a ausência actual de opinião da esquerda (toda ela: PCP, PS, BE... )que, uma vez que as escolhas estão feitas, os democratas querem Obama e os republicanos decidiram-se por Mc Cain, a nossa esquerda nacional NADA diz sobre Obama. Se calhar está como eu: querem perceber melhor as ideias, os projectos, as perspectivas. Uma coisa o homem já disse:quer sair do Iraque para se concentrar no Afeganistão. Não me parece inadequado.
Sei que uma certa esquerda, liberal, norte-americana apostava na senhora Clinton e ainda não digeriu Obama!Isso explicará as criticas que andam pelos USA...talvez.´
Sobre os zig zags, compromissos, cedências, contradições, você que é o politico maduro, senior,sabe que o pragmatismo,em politica e mais ainda em campanha eleitoral, ás vezes, fala mais alto.
Veja-se a posição no tempo do PCP em relação ao PCChina, a Hugo Chavez, ao negócio recente da EMBRAER brasileira, mesmo ao MPLA e a Angola...A realidade não é como nós queremos que ela seja...infelizmente.
Tudo o resto que você aponta ao JT, parece-me, que é do do dominio da vossa conhecida "implicância, que creio ser mútua.
José Albergaria
Quanto ao que refere nestes termos : «O que o João Tunes parece criticar é a ausência actual de opinião da esquerda (toda ela: PCP, PS, BE... )que, uma vez que as escolhas estão feitas, os democratas querem Obama e os republicanos decidiram-se por Mc Cain, a nossa esquerda nacional NADA diz sobre Obama», quero apenas esclarecer que além de muito cedo ter explicado num «post» que não me era diferente que ganhasse Obama ou Mc Cain, em 13.7. para um post constituido apenas por uma série de cartoons escolhi este título:
«13-07-2008
Presidenciais americanas
Claro que é preciso
derrotar McCain...
(seguiam-se cartoons críticos de McCain)
mas cuidado com uma
"mudança" cheia de mudanças
(seguiam-se alguns cartoons críticos das contradições e mudanças de posição de Obama)»
Estamos de acordo.
José Albergaria
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