Numa extensa e não tão interessante entrevista como se poderia expectar a José Pacheco Pereira( menos por responsabilidade de JPP do que pela do jornalista, que poderia ter aprofundado alguns filões...)há um aspecto notável - ao qual não resisto ao pecado da transcrição:
"Pergunta: Mas o PCP não o deixa entrar no seu arquivo!
Resposta:Não. A última resposta que tive foi de Carlos Carvalhas era que o arquivo tinha uma infestação de abelhas. Eu disse-lhe que não me importava de ir vestido de apicultor mas...Acho que o PCP mudará a atitude e tenho de reconhecer que muitos militantes, até históricos, têm uma atitude diferente da do passado, mas está muito longe de permitir a investigação necessária. Os arquivos do PCP são a última grande fonte de história contemporânea ainda fechada."
Fazendo a transliteração da história do elefante para a duma abelha, fácil é concluir que um enxame consegue a proeza de impedir o acesso "à última grande fonte de história contemporânea."
JA
3 comentários:
Sobre este «post» apenas quatro observações para ver se saímos definitivamente dos clichés e das ideias feitas:
1. Convém aguardar por alguma eventual ou provável atitude ou comentário do visado por Pacheco Pereira, ou seja de Carlos Carvalhas, quanto a esta história de abelhas que, a mim, para já me soa como da esfera da pura invencionice ou delirio.
2. É tempo que muitas pessoas saibam que dezenas e dezenas de estudiosos, de estudantes e de investigadores têm beneficiado do acesso aos arquivos do PCP para elaborarem trabalhos.
3. Que em nenhum arquivo do mundo, e por maioria de razão num arquivo particular como é o do PCP, José Pacheco Pereira conseguiria entrar e ver o que muito bem lhe apetecer porque todos têm regras e condicionantes (cortes de nomes de pessoas vivas ou mortas há menos de tantos anos etc.).
4.Não é felizmente o caso do PCP, a bem da história do nosso país, mas tenho quase a certeza de que se algum historiador se dirigir à sede do PSD ou mesmo do PS e pedir para consultar arquivos entre 74 e 80, a resposta que obterá é que « desculpe,temos muito pena,mas não temos as coisas organizadas para consulta pública.
Logo, mais tarde, pela importância das questões que suscita, comentarei o seu comentário.
José Albergaria
1- Eu creio que a entrevista terá sido não muito bem editada;
2- A história das "abelhas" é uma "anedota", para ilustrar um tempo "que já foi";
3- Sei que, como você diz, vários estudiosos tiveram acesso aos arquivos "particulares" do PCP;
4- Recordo-me mesmo, que o falecido César de Oliveira, estudioso do movimento operário português teve acesso a documentos propriedade do PCP e terá sido, fora do PCP, o primeiro a ter acesso a alguns documentos;
5- Todos sabemos, mesmo arquivos como os da Torre do Tombo, documentos da Biblioteca Nacional, acervo da Fundação Mário Soares (para só citar estes...)obedecem a critérios claros e rigorosos para o acesso, consulta e futura utilização;
6- Hoje, as técnicas arquivisticas (microfilmagem e digitalização)permitem consultas eficientes, tranquilas e zeladoras de TODOS aqueles aspectos que você sublinha;
7-O Partido Comunista Português, pela sua longevidade, pela sua importância histórica, incontornável, no século XX - é, de facto como diz Pacheco Pereira (dum ponto de vista GLOBAL) o "ultimo arquivo por abrir sobre a história contemporânea";
8- Como sabe, o Partido Comunista Francês, faz muitos anos, "abriu (e este abrir é no sentido que aos historiadores interesa: sem "limitações" de acesso...)os seus arquivos à curiosidade de historiadores e, creio eu, não só;
9- Sempre se fez um grande "mistério" sobre os arquivos do PCP;
10- O PCP (tendo nomeado, creio eu, o Professor Arsénio Nunes como responsável pela historiografia a fazer do PCP...não produziu "nada" sobre tão interessante quanto importantíssima matéria da nossa história contemporânea...);
11- São estes aspectos que provocam, reconheço-o, alguns "clichés", "esteriótipos" e até algumas "inverdade" sobre tal matéria;
12- O que diz no seu ponto 4...não tenho a mais pequena dúvida que você ten TODA a razão.
José Albergaria
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